De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, o mercado imobiliário nacional tende a sofrer nova retração em 2015, depois de enfrentar, ao longo deste ano, uma queda na velocidade das vendas e a postergação de lançamentos. O clima de incerteza sobre os rumos da economia e os estoques elevados exigirão das incorporadoras muita cautela na oferta de novos produtos, além de esforços adicionais para venda dos imóveis.
Glauco diz que 77% dos empresários do setor acreditam que o número total de unidades lançadas em 2015 será menor do que em 2014, enquanto apenas 23% esperam crescimento.
O esfriamento do mercado imobiliário reflete a expectativa de ajustes na política econômica, que podem resultar em alta das taxas de juros e em um possível corte de empregos. O cenário abala a confiança dos consumidores e tira a previsibilidade de empresários.
“A probabilidade é de que o comportamento da economia seja frágil em 2015. Se isso acontecer, o mercado imobiliário terá um ano de pouca expressão”, avalia Glauco. “Esse cenário só se reverteria se a economia melhorasse e se os compradores de imóveis sentissem confiança de que o emprego e a renda não estão sob risco.”
Segundo Glauco, a incorporadora tem capacidade de lançar mais em 2015 do que em 2014, mas a oferta de novos projetos dependerá da velocidade de vendas nos próximos meses. “Se não fosse o cenário econômico incerto, eu diria que temos planos de lançar mais. Só que isso depende do mercado”, diz.
Estoques
Segundo Glauco, outro fator negativo para as empresas foi o aumento dos estoques ao longo de 2014, situação ligada ao crescimento das rescisões de vendas. No momento da entrega das obras, muitos compradores não tiveram capacidade de assumir financiamento com os bancos, enquanto investidores decidiram devolver o imóvel, que já não se valoriza tanto.
“O cenário do setor é de um estoque muito grande de produtos acabados. As empresas terão de fazer a limpeza desses produtos e isso impacta a nossa capacidade de lançamento”, diz Glauco.
Diante do esfriamento do setor, algumas companhias cogitam oferecer descontos aos consumidores, abrindo mão de margem para ganhar liquidez.