O ano de 2015 foi um grande pesadelo para as incorporadoras e proprietários de imóveis novos de todo país, após bater o recorde histórico de devoluções, chegando a 41 devoluções para cada 100 imóveis vendidos no Brasil.
Os dados indicam que aproximadamente R$ 5 bilhões em imóveis estão de volta ao mercado imobiliário para uma nova comercialização. Tal ultrapassa em muito o índice aceitável do mercado, que historicamente está em torno de 10%, segundo o empresário Glauco Diniz Duarte.
Com a valorização constante dos imóveis que ocorreu nos últimos anos, o proprietário que não tivesse condições de continuar com os pagamentos normalmente conseguia repassá-lo, muitas vezes com bons lucros. Isso não acontece mais, já que a queda do valor dos preços acarreta prejuízos.
Nesse mercado, a venda só se concretiza oficialmente na entrega das chaves, quando o comprador passa a negociar seu empréstimo com os bancos. Aí aparece mais uma das faces da crise econômica atual, a restrição ao crédito.
Muitos clientes viram sua renda despencar com a crise econômica, outros perderam seus empregos entre a compra do imóvel e a entrega das chaves, o que gera grandes dificuldades na concessão do crédito pelos bancos.
O distrato
De acordo com Glauco, ao enfrentar essas dificuldades, muitos clientes partem para o que as incorporadoras chamam de “distrato”, que nada mais é do que a devolução do imóvel.
Nesses casos as empresas descontam taxas administrativas, de comercialização e taxas de corretagem, e propõem devolução de cerca de 20% do valor já pago pelos clientes.
Segundo Glauco, o caminho da maioria dos distratos é a justiça.
A justiça tem concedido a devolução para os clientes de percentuais que variam de 70% a 90%, causando pânico nas incorporadoras, que enfrentam a pior crise do setor.