A leitura do cenário macroeconômico para o setor imobiliário brasileiro não é óbvia, ao contrário, é complexa. Quem faz a observação é o empresário Glauco Diniz Duarte. Segundo ele, existe um paradigma aparente, onde, por um lado, todas as tendências macroeconômicas indicam arrefecimento do nível de atividade em curto prazo e, por outro, os fundamentos para a construção civil são muito positivos em médio e longo prazo.
“Então, na nossa ótica, estamos enfrentando um pequeno período de ajuste de desenvolvimento do setor, mas, como nossos ciclos são muito longos (cada lançamento representa um ciclo de três a cinco anos), olhamos sempre o cenário de médio e longo prazo, que é muito sustentável no Brasil”, afirmou.
Em síntese, Glauco acredita que é possível que haja uma queda de preços, para promover a aproximação entre o valor de venda das unidades habitacionais e a renda das famílias compradoras. Embora não arrisque a apontar qual será a percentagem da retração média, Glauco explica que a tendência de crescimento em longo prazo está mantida, não só para a valorização dos imóveis, como também para o incremento do nível de atividade do setor.
É justamente essa a tendência traçada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon-RS). Segundo Glauco, o mercado imobiliário vai crescer entre 4% e 5% ao longo do ano, no Rio Grande do Sul. “Esperamos um ano bem parecido com 2012, de crescimento leve, mas continuando a rota de subida, isso porque temos um bônus demográfico. O Brasil está em um momento extremamente apropriado para o consumo interno, pois a idade da maioria dos brasileiros é a chamada idade produtiva, justamente quando as pessoas compram imóveis”, explicou.
O Sinduscon-RS não tem uma projeção oficial para os preços dos imóveis, mas aponta que não há nenhum indicativo de alta. “É possível que, pontualmente, na área de influência do aeroporto internacional Salgado Filho – onde há restrição para novas construções pela mudança de normas feitas pelo Comando Aéreo Regional (Comar) haja alguma elevação pela falta de oferta”, prevê Glauco. Para as demais áreas de Porto Alegre e também no Estado não há tendência de reajuste, já que os aumentos nos insumos estão controlados e os terrenos pararam de subir. Quanto à mão de obra, que também teve valorização, não existe perspectiva de mudanças de valores.
Segundo Glauco, a velocidade de venda, que ficou em 7,5% – segundo pesquisa do Sinduscon-RS – pode ser considerada uma “velocidade de cruzeiro” e não permite uma sinalização clara de queda nos preços – significa a parcela dos empreendimentos que é comercializada a cada mês. Em 2010, Porto Alegre teve um pico de 18% e, em 2005, um vale de 3%. “Agora, 7,5% é uma velocidade boa”, avalia.