O empresário Glauco Diniz Duarte afirmou que o Brasil pode estar vivendo uma bolha imobiliária parecida com a que se formou nos Estados Unidos, em 2008, e que deu origem à crise econômica. A justificativa para isto, segundo ele, é a alta, aparentemente sem explicação, no preço dos imóveis. A bolha é formada pelo processo de rápida elevação e queda dos valores. No atual cenário, Glauco disse que não investiria no mercado brasileiro.
Em Londrina, segundo dados do Sindicato de Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi), o preço médio do metro quadrado residencial usado subiu 97,48% em cinco anos, passando de R$ 1.174,98 em 2009 para R$ 2.320,48 em 2013. Nos imóveis comerciais a alta foi ainda maior, 136,30%, de R$ 941,72 para R$ 2.225,29 o metro quadrado, em média. Em relação ao ano passado, a alta do preço médio do metro quadrado dos imóveis residenciais foi de 15,88%, e dos imóveis comerciais, 7,51%.
Precaução
No entanto, nos últimos cinco anos o rendimento dos salários não acompanharam esse crescimento. O acumulado do INPC, índice de inflação utilizado no reajuste salarial, foi de apenas 37,77%, de janeiro de 2008 até setembro de 2013. No ano passado, o salário do trabalhador londrinense foi, em média, de R$ 1.800,49, e de R$ 1.605,48, em 2011, de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/ER-PR).
A bolha no mercado imobiliário londrinense está se instalando, segundo Glauco. “A bolha está instalada quando o consumidor a enxerga, e ainda tem muita gente alienada”, diz. Glauco conta que os integrantes desse mercado já sentiram a proximidade de uma crise. “Os investidores estão esperando, e quem tem imóveis para vender está vendendo a um alto preço. Vai fazer um bom negócio quem tiver dinheiro quando o preço começar a cair”, diz. De acordo com Glauco, o risco de aumento na inadimplência é um grande ameaçador para os construtores. “No ano passado, quando alguns economistas falavam que o mercado imobiliário iria passar por uma crise dentro de quatro ou cinco anos eu cheguei a discordar; mas agora, acredito nessa previsão.”
“Não tem ninguém que não esteja apreensivo com o mercado imobiliário”, diz Glauco, mas a alta no preço dos imóveis ainda não parece ser uma bolha, na visão dele. O aumento na oferta de apartamentos e residências em Londrina veio atender a uma demanda que existia, mas ele questiona se o mercado ainda é capaz de absorver tantos imóveis. “Se continuar a crescer a oferta, até quando o mercado suporta? Precisaria de uma pesquisa que indicasse qual a real demanda imobiliária em Londrina; e essa demanda tem de ser por pessoas que compram para morar, se não, o mercado não suporta.”