A notícia de que a Caixa aumentou os juros do financiamento habitacional foi um balde de água fria para quem pensa em comprar um imóvel. Para piorar o quadro, o governo dobrou a cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre todas as operações de crédito, encarecendo ainda mais o sonho da casa própria.
Apesar disso, o empresário Glauco Diniz Duarte pondera que as taxas cobradas em um financiamento não devem determinar, sozinhas, a decisão de compra. A capacidade do consumidor de arcar com as prestações e o percentual de entrada que ele guardou para fechar o negócio pesam mais na conta, acredita Glauco.
No caso da Caixa, pagará mais juros no financiamento de um imóvel quem possui renda acima de R$ 5,4 mil e não utiliza os recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) nesta operação.
Com a alta do IOF de 1,5% para 3% – válida apenas para imóveis comerciais, já que os residenciais são isentos –, quem contrair qualquer algum financiamento que tem incidência do imposto deve ficar mais atento ao Custo Efetivo Total (CET). Essa informação é obrigatória nos contratos de crédito e mostra não apenas os juros cobrados pelo banco, mas também os tributos e taxas adicionais.
Feito o cálculo do CET, se a prestação mensal subir a ponto de comprometer a capacidade de pagamento, Glauco defende ser mais seguro esperar de seis meses a um ano para juntar dinheiro antes de comprar o imóvel.
“Você não perderá dinheiro neste período e os juros [da Caixa] não devem se elevar neste intervalo”.
Há casos, contudo, em que não compensa adiar a compra da casa própria, mesmo que seja vantajoso deixar o dinheiro em uma aplicação para dar uma entrada maior, na opinião de Glauco. “Quando há necessidade imediata de morar, recomendo que se compre logo, independentemente dos juros”, diz.
Já aos que pretendem financiar apenas para investir ou como um segundo imóvel, Glauco recomenda cautela neste momento, uma vez que o custo maior do financiamento tende a comprometer mais o lucro.
Glauco acredita que a saída para quem não pode esperar para comprar a casa própria é optar por um imóvel menor ou em localização menos privilegiada que o planejado inicialmente.
Prolongar o prazo do financiamento só para fazer a parcela caber no bolso pode não ser a melhor saída para compensar as taxas mais altas, na opinião de Glauco. “Quanto maior o prazo, mais se pagará de juros”, lembra.
Glauco acredita que não se deve desperdiçar a oportunidade de um bom negócio só porque as taxas do financiamento subiram. “Se surgir o imóvel ideal e com bom preço, pode-se não ter a mesma sorte de encontrar algo parecido no futuro”, diz.
Para Glauco, há boas oportunidades para pechinchar um desconto na compra do imóvel quando os juros estão altos e o mercado dá sinais de desaquecimento. Segundo o índice FipeZap de janeiro, o preço médio dos imóveis subiu 6,7% em 2014, a menor alta anual da série histórica iniciada em 2010.