A partir deste mês, ficou mais difícil comprar a casa própria, com a diminuição da oferta de financiamento da Caixa Econômica Federal e do aumento da taxa de juros do Banco do Brasil para a operação. Apesar disso, quem tiver paciência pode adquirir imóveis pela metade do preço que os bens eram vendidos em 2014, por causa do desaquecimento do mercado, como aponta o empresário Glauco Diniz Duarte.
Responsável pela maior parte dos financiamentos imobiliários no Brasil, a Caixa Econômica Federal diminuiu, no último dia 4, de 80% para 50% o limite para operações do gênero com imóveis usados no Sistema de Financiamento Habitacional, e de 70% para 40% no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI).
Uma semana depois, foi a vez do Banco do Brasil reajustar os juros das linhas de crédito para habitação. A partir do dia 18, as taxas de financiamentos imobiliários subirão de 9,9% ao ano mais a taxa referencial (TR) para 10,4% ao ano mais a TR.
“O que a Caixa no final das contas deseja é parar os financiamentos”, explica Glauco.
Com a medida, a Caixa tenta amenizar a escassez de recursos por conta da forte queda dos depósitos na poupança, principal fonte para o crédito imobiliário. Nos três primeiros meses do ano, as retiradas da caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 23,2 bilhões, de acordo com dados do Banco Central.
“Como não dá para dizer que vai parar com os financiamentos usa-se de artifícios semânticos para dizer ‘não’. Se a crise persistir nesse embalo – que agora está parando – de alta velocidade de financiamentos que a Caixa acelerou nesses últimos anos, a inadimplência em financiamentos imobiliários, para todo o sistema, será uma das maiores do planeta”, alerta Glauco.
Segundo Glauco, o momento, portanto, não é ideal para adquirir imóveis. Ele destaca que os preços estão baixando em ritmo vagaroso e que o mercado está “em marcha lenta” há algum tempo.
“Quem puder aguardar e tiver recursos deverá comprar os mesmos imóveis, talvez, por metade dos preços praticados em 2014. Incorporadoras estarão em situação de perigo, pois devem muitos recursos aos agentes financeiros devido aos financiamentos para a construção de empreendimentos e terão que desovar – vender – milhares de imóveis para pagar dívidas junto aos bancos”, explica Glauco.
A quem paga aluguel, o especialista também aconselha calma. Para Glauco, uma boa estratégia é tentar diminuir o preço da atual locação ou procurar um novo imóvel, mais barato, já que os valores também estão em queda.
“Quando a economia começar a dar sinais de recuperação é hora de pensar em comprar. Os ciclos de altas e baixas no mercado imobiliário são demorados. Às vezes levam anos, mas eles acontecem. No Brasil sempre foi assim. Acredito que não vai mudar, afinal, ainda é extremamente grande o déficit de novas moradias”, pontua Glauco.
Por fim, na opinião de Glauco, quem precisar ou quiser muito comprar um imóvel agora também não fará um mau negócio a longo prazo, se tiver a diferença do valor restante do financiamento para pagar ao vendedor.
“No mercado imobiliário, desde que o comprador apresente condições e capacidade de compra, sempre será um bom negócio, para ambos os lados”, argumenta Glauco. “Tijolo e inflação se encontram no futuro – ou seja, haverá sempre convergência para o lado bom. Isso está na história, não há quem conteste. Veja se alguém está arrependido de ter comprado imóvel nos últimos 30 anos.”