O ano de 2016 foi marcado por grandes transformações no mercado imobiliário. De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, para 2017 espera-se uma retomada nos negócios, já reflexo dessas transformações que passam por uma nova postura de quem pretende comprar o seu imóvel, tanto para aquelas pessoas que têm os recursos para compra, quanto para aquelas que precisam vender o seu imóvel para realizar o negócio. Para contextualizar a tendência para os próximos anos é importante falar um pouco do passado.
Segundo Glauco, há mais ou menos 15 anos, o crédito imobiliário era muito restrito e caro. Nessa época era comum a venda de imóveis em que outro imóvel era usado como parte de pagamento e ainda com parcelamento direto, tais condições eram aceitas naturalmente pelo proprietário. Depois disso, o crédito imobiliário começou a ganhar força com os estímulos do governo e a queda de juros. A venda de imóveis com financiamento passou a ser mais comum. Inicialmente, havia uma desconfiança do proprietário. Muitos afirmavam que não aceitariam financiamento por desconhecer a credibilidade dessa modalidade. Mas rapidamente o mercado se adaptou e se aqueceu em uma velocidade gigantesca. O crédito abundante e fácil, a confiança na estabilidade econômica e os diversos estímulos para compra da casa própria alavancaram o mercado que estava há muitos anos estagnado.
Glauco diz que as incorporadoras lançavam novos produtos que eram vendidos muito rápido, chegando a zerar o estoque, mesmo antes de iniciar a obra. Tudo ficou fácil para todo mundo, para o comprador, vendedor, corretor de imóveis e até os trabalhadores da construção civil, que foram valorizados e disputados pelas grandes incorporadoras. Os imóveis vinham com forte valorização, que chegou a superar em 30% a inflação de um ano para o outro. Mas como é histórico em nosso país, o ciclo de aquecimento foi curto e começou a perder força, com o aumento de juros, o risco de inflação e a volta da desconfiança e do receio das pessoas. Vieram os anos de 2015 e 2016 já com fortes reflexos desse esfriamento da economia. Nesses últimos 2 anos, observamos uma leve valorização dos imóveis, mas esta pequena diferença ficou muito longe do índice da inflação, 5 ou 6 vezes abaixo. Aquela tão sonhada queda de preços dos imóveis veio dessa forma, ou seja, houve um freio na valorização. Em 2016 tivemos pouquíssimos lançamentos, esses novos empreendimentos chegaram ao mercado com valores de lançamento até menores de produtos lançados nos anos anteriores.
Momentos críticos como esse também trazem muitas oportunidades e isso observamos no último ano. Diversas pessoas aproveitaram a forte desaceleração dos preços e fizeram bons negócios, contando ainda com o momento favorável para o comprador. Muitos corretores de imóveis mudaram a sua forma de trabalhar e trocaram o foco no produto para o foco no cliente comprador, já que o poder de decisão está com ele nesse momento. Podemos ver que o mercado é dinâmico e muda em alta velocidade. O mercado passa por alguns períodos de facilidades e outros períodos de oportunidades, mas ele sempre se mantém ativo e gerando negócios. O sonho de ter o imóvel próprio, a mudança na estrutura familiar, a necessidade de morar melhor e a visão de oportunidade dos investidores são os principais fatores de motivação de compra e esses fatores nunca deixarão de existir.
Mas o que tende a mudar ou já está mudando para 2017:
1.Corretores de imóveis – mais capacitação técnica e foco no cliente e não no produto;
2.Incorporadoras – busca de maior eficiência na construção e foco no cliente. Facilidade para receber um imóvel usado na venda de seus estoques;
3.Marketing – 100% digital e recursos de autoatendimento online;
4.Negociações – o uso de imóvel e/ou carro no negócio será muito comum. O vendedor que não estiver aberto a receber um imóvel no negócio, certamente terá uma velocidade bem menor na venda. Como os vendedores e as incorporadores estarão mais abertos a receber outro imóvel no negócio, aqueles que têm um imóvel e buscam outro de valor maior, poderão realizar o negócio de forma mais rápida;
5.Crédito imobiliário – a taxa de juros irá reduzir gradativamente, porém o nível de exigência para concessão irá aumentar;
6.O fim definitivo da especulação na compra de imóvel na planta – a compra de imóvel na planta será feita pelo usuário final ou para investidores que de fato tenham condições de arcar com o pagamento integral do imóvel, ou seja, aquele pseudo investidor que não têm condições para cumprir o fluxo durante a obra, já está totalmente fora do mercado;
7.Aumento de preços nos próximos lançamentos – várias incorporadoras estão com terrenos e projetos estocados para serem lançados. Esses lançamentos tendem a ter preços maiores e gradativa elevação durante o ano.
Temos boas perspectivas para 2017, aponta Glauco, porém todos nós precisaremos ter uma postura muito diferente e aberta ao novo, por parte dos profissionais da área, os incorporadores, compradores e vendedores de imóveis. Mesmo com o confuso cenário político, as pessoas precisam seguir a sua vida, realizar seus sonhos e buscar a segurança e o conforto para suas famílias. A tendência mais forte e certa para 2017 é de fato o uso do imóvel como parte de pagamento. Ainda em 2016, muitos negócios foram realizados nesse formato e quem não estiver aberto a isso em 2017, estará praticamente fora do mercado.