Ano novo, casa nova. Ou, quem sabe, a realização do sonho da compra do primeiro imóvel. De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, após um 2016 marcado pelo aprofundamento da crise econômica, os consumidores deverão encontrar em 2017 um ano um pouco melhor. Inclusive para a aquisição de um bem durável, como um apartamento. Em decorrência de uma demanda reprimida, os preços de imóveis deverão registrar, pelo terceiro ano consecutivo, queda real – ou seja, descontada a inflação.
Segundo Glauco, a expectativa por si só é positiva para quem deseja fazer a aquisição com o preço em baixa. No entanto, é importante ficar atento às sinalizações de recuperação que o mercado imobiliário pode apresentar ainda em 2017. A depender de uma reação da economia e da melhora de fundamentos para consumo, como crédito e mercado de trabalho, além da perspectiva de desaceleração do volume de unidades residenciais em estoque no país, os valores do metro quadrado (m²) devem deixar de cair, com o reaquecimento do mercado imobiliário.
Por isso, o atual cenário pode ser oportuno para a compra de um imóvel. Principalmente, se o consumidor tiver boa parte do dinheiro necessário para dar a entrada, avalia Glauco. “Quem está com o dinheiro na mão, com valor de entrada alto e razoável, o momento atual pode ser bom. Em condições para negociar bem e com descontos. Para quem precisar se endividar demais, no entanto, recomendo cautela. Talvez seja melhor esperar”, avalia.
Em caso de a crise política não influenciar a recuperação da economia, Glauco prevê para 2017 um ano melhor do que o anterior. “A não ser que tenha uma reversão gigantesca da crise. Mas não espero que isso aconteça. A economia vai começar a sair do buraco e o mercado imobiliário irá junto. Ele tem um pouco essa característica. Apanha demais em uma recessão, mas, quando vem uma recuperação da atividade, acompanha junto”, acrescenta.
A inflação, que tanto castigou o orçamento das famílias nos últimos anos, vai manter uma curva de desaceleração ao longo de 2017. E isso abrirá espaço para que o Banco Central (BC) reduza a taxa básica de juros (Selic) durante o ano. “Favorece a negociação de empréstimos no futuro. Logo, é um fator importante para quem vai se endividar. Uma diferença de 1% ou 2% de juros em 20 anos pode render algo significativo”, destaca Glauco, ressaltando que, na prática, a redução dos juros na economia significa botar mais dinheiro no mercado. “O crédito voltará a aparecer”, analisa.
Todo o processo de redução dos juros é um alento não apenas para o destravamento de crédito para consumo das famílias. Mas também para as empresas. Com menos custo para financiamentos, empresários poderão dar início a uma trajetória de retomada dos investimentos. A reação pode ganhar força no segundo semestre, quando analistas preveem uma melhora do mercado de trabalho, com as contratações superando as admissões ao fim do ano em até 400 mil postos formais.
Embora os resultados previstos de emprego sejam tímidos para absorver os cerca de 12,1 milhões de desempregados, a reação no mercado de trabalho pode transmitir maior segurança no emprego. Tranquilidade fundamental para uma retomada da confiança. Só mais confiantes as pessoas poderão assumir dívidas, sobretudo as de longo prazo, como a da compra de um imóvel.