GLAUCO DINIZ DUARTE – Especialistas explicam as diferenças entre as áreas total, útil, comum e privativa em apartamentos
Cada anúncio, uma sentença. As propagandas dos empreendimentos imobiliários, muitas vezes, indicam qual a área privativa da unidade à venda. Mas o anúncio também pode trazer a área total — e é nessa diferença que mora a confusão. Os dois termos indicam coisas diferentes: área privativa corresponde à metragem dos cômodos que apenas o morador vai usar. Área total é a soma da área privativa com a fração proporcional de cada espaço comum do edifício. Já a área útil é o que sobra da privativa descontando o espaço ocupado pelas paredes.
— Na área total entram itens como hall, corredor, espaço de circulação da garagem, salão de festas, piscina e espaço gourmet, entre outros — explica o arquiteto Luciano Torres Tricárico.
Na hora de comprar um apartamento, a desinformação do consumidor com o significado dos termos é comum. Entre tantos pontos a serem observados na escolha do imóvel, fica complicado entender quanto espaço ele, de fato, terá. No Litoral Norte de Santa Catarina, conforme representantes do setor da construção civil, o mercado apresenta a característica de vender os imóveis com anúncio da área total.
— Aqui se usa mais a área total para as vendas. Mas é preciso deixar essa condição mais clara, mais transparente ao anunciar o imóvel para o consumidor. Isso ainda não acontece — comenta um dos vice-presidentes do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) de Itajaí, Flávio Macedo Mussi.
Atenção
Especialistas indicam que o consumidor tenha muita atenção ao procurar um imóvel, para que ele saiba exatamente o que está comprando. Quando for fechar negócio, é importante ver o tamanho das áreas privativa e comum incluídas no preço. Dessa forma o comprador sabe se o espaço é adequado a suas necessidades, e se o aparente bom custo-benefício realmente vale a pena.
— Muitas escrituras não especificam isso, principalmente as de prédios mais antigos. O cliente pode comprar um apartamento pensando que ele tem 150m² de área privativa, sendo que 50m² podem ser de área comum — aponta Tricárico.
Conforme o Sinduscon, o lado financeiro tem grande influência na hora do cálculo. Os consumidores acabam priorizando as condições facilitadas de pagamento, sem levar em conta a metragem de cada área.
— As pessoas procuram mais pelo preço que podem pagar do que pelo que o apartamento efetivamente oferece. O correto seria fazer a conta de acordo com o interesse em usar mais a área comum ou a privativa — diz Mussi.
Paredes contam na área privativa
As paredes dos imóveis fazem parte da conta da área privativa dos apartamentos. Nos contratos, às vezes está descrita a área útil e outras vezes a área total. O consumidor que não sabe a diferença entre os termos e compra um apartamento de 50m², por exemplo, depois vai ver que a área útil real tem 42m² ou 44m².
O espaço ocupado pelas paredes representa, em média, de 10% a 12% da área total. O restante é chamado de área útil — onde poderão ser colocados móveis e utensílios. Nos apartamentos, a medição deve ser feita levando em conta toda a largura de paredes externas e, nas que são divididas com um vizinho, leva-se em consideração metade da largura.
As áreas da construção civil
O que significa, afinal, cada termo? A definição sobre os tipos de áreas é determinada pela Norma Técnica 12.721. Conheça as expressões:
Área Privativa
É a área do imóvel de uso exclusivo de seu proprietário. Agrega tudo o que é privativo ao apartamento no edifício, incluindo vagas de garagem e cômodos de despejo. É delimitada pela superfície externa das paredes.
Área Comum
Espaços que podem ser utilizados por todos os moradores de um condomínio, tais como salão de festas, piscina, playground, portaria e áreas de circulação, entre outros.
Área Total
É a soma da área privativa da unidade autônoma com a área comum de divisão proporcional entre os condôminos.
Área Útil
Também conhecida como a área da vassoura, é o espaço dos compartimentos da unidade, descontadas as áreas das paredes e pilares.