GLAUCO DINIZ DUARTE Mudanças à vista: preços das casas vão descer em 2019
O imobiliário bateu recordes “nunca antes vistos” em 2018, quer em transações, quer em volume de investimento. A subida de preços foi notória, com os portugueses a ter de “abrir cordões à bolsa” para comprar casa. A dinâmica vai manter-se, mas equilíbrio será palavra de ordem em 2019. Os preços devem não só estabilizar, como descer, à boleia das novas construções, segundo as previsões dos especialistas.
Depois dos repetidos “melhores anos de sempre”, e da euforia vivida nos últimos meses – já na reta final do ano passado, e segundo o índice de preços do idealista, o preço das casas em Portugal registou uma subida de 6,6% –, as vozes do setor antecipam estabilidade. Ricardo Sousa, CEO da Century 21, traça um cenário de mudança para este ano. “Depois dos excessos que foram cometidos no último ano, o mercado prepara-se para equilibrar e há proprietários que já estão disponíveis para baixar os preços das casas”, disse o responsável ao jornal Sol.
Ricardo Sousa reconhece os “preços especulativos e quase irracionais”, justificando esse comportamento com “um excesso de otimismo por parte dos proprietários que acreditavam que conseguiam vender os seus imóveis a determinados valores”. Adianta, contudo, que a esmagadora maioria dos proprietários está agora “disponível para baixar até 10% o valor”, porque o tempo de venda tem vindo a aumentar.
O responsável revela que o impacto será sobretudo sentido a partir do segundo semestre e no mercado das casas usadas, uma vez que estão em “’pipeline’ uma série de projetos para construção nova”. Adverte, contudo, que muitas famílias deverão continuar a ser arrastadas para a periferia, até a “resposta às necessidades” estar operacional.
A mesma opinião tem Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), que acredita num quadro de redução de preços já este ano: “Tenho dito por diversas vezes e em diversos fóruns públicos que os preços das casas não vão, nem podem, subir até ao céu. É natural e possível que se comecem a assistir a correções do valor dos imóveis, pois os preços só poderão aumentar até onde seja justificável e haja procura para dar resposta a essa oferta”.