GLAUCO DINIZ DUARTE Empresários apontam prejuízos com exigência por construção de laje em moradias populares em RR
Com a norma técnica de obrigatoriedade instituída pela Caixa Econômica Federal para edificação de lajes em casas populares para famílias de baixa renda, empresários sustentam que exigência para a estrutura dos imóveis tem prejudicado o mercado de construção e imobiliário em Roraima.
Com a nova regulamentação iniciada em janeiro, houve aumento no valor da obra para erguer uma moradia simples, o que, segundo especialistas, tem gerado dificuldades na conclusão das obras e venda dos imóveis.
Procurada, a Caixa Econômica Federal não se manifestou às alegações dos empresários.
A demanda para construção de casas populares em Roraima existe, afirma o empresário Tiago Fragoso. Entretanto, a exigência para construção de laje nas moradias populares causou um entrave no ramo.
“Quem vai pagar é o cliente. É muito oneroso construir uma [laje]. Hoje sai R$ 300 o metro quadrado. Para uma casa popular, o acréscimo será de R$ 15 mil. Mas a questão não é a exigência da laje, é o repasse do custo que a Caixa não quer fazer para as construtoras”, explica Fragoso.
Ainda de acordo com ele, uma casa popular vendida ano passado sem laje custava R$ 1,6 mil o metro quadrado.
“Com a obrigatoriedade da estrutura teríamos que cobrar R$ 1,9 mil por metro quadrado. A Caixa quer pagar apenas R$ 1,7 mil. E quem vai arcar com essa diferença? Nós construtores não temos condições. Temos os insumos [para obras] mais caros do Brasil.”, afirma.
Para o empresário, o impasse já tem gerado demissões. “A Caixa não enxerga os construtores como parceiros dela. Fizemos uma reunião com a direção da Caixa, mas nada foi resolvido. O mercado perde porque não vende, os construtores, trabalhadores e a Caixa porque não fecham contratos”, pontua.
Dono de duas imobiliárias, Erasmo Sabino, declara que, até o mês de março, nenhum financiamento pela Caixa Econômica Federal foi concretizado.
“Aumentou o custo do metro quadrado, elevando o preço do imóvel e afastando construtores e potenciais compradores, incapazes de conseguir financiamento em razão da elevação do valor da prestação”, citando ainda que está acumulando prejuízos.
Sabino afirma que as famílias de baixa renda são as mais afetadas pela medida. “A Caixa tem dinheiro disponível para a concessão de financiamentos, seja para a construção seja para a aquisição de imóveis. O que não podemos aceitar é ver o setor praticamente paralisado sem que se faça alguma coisa a respeito”, justifica o empresário.