Glauco Diniz Duarte Tbic – são fontes de energia renovável exceto
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, um crescimento extraordinário nas instalações fotovoltaicas fez de 2017 um ano recorde para a China em termos de investimento em energia limpa. Esse boom ofuscou as mudanças ocorridas em outros países, como o salto nos investimentos na Austrália e México e a queda nos investimentos no Japão, Reino Unido e Alemanha.
Segundo os números anuais da Bloomberg New Energy Finance (BNEF), baseados em sua base de dados de projetos e contratos, os investimentos mundiais em energia renovável e tecnologias inteligentes de energia atingiram US$ 333,5 bilhões no ano passado, um aumento de 3% em relação aos números revisados de 2016, US$ 324,6 bilhões, e apenas 7% inferior ao recorde histórico de US$ 360,3 bilhões registrado em 2015.
Jon Moore, diretor executivo da BNEF, diz: “O total de 2017 é ainda mais notável se considerarmos que os custos de capital da tecnologia líder – a solar – continuam em queda acentuada. No ano passado, os custos por megawatt dos sistemas fotovoltaicos de grande escala foram 25% menores em relação aos de dois anos atrás”.
Mundialmente, os investimentos em energia solar somaram US$ 160,8 bilhões em 2017, 18% a mais em relação ao ano anterior mesmo com as reduções de custo. Pouco mais da metade desse total, US$ 86,5 bilhões, foi gasto na China. Esse montante é 58% superior ao de 2016, com uma capacidade instalada adicionada de geração de energia fotovoltaica de 53GW em 2017, contra os 30GW em 2016.
Justin Wu, diretor da BNEF na Ásia-Pacífico, diz: “Em 2017, a China aumentou sua capacidade instalada em cerca de 20GW além do previsto. Isso aconteceu por duas razões principais: primeiro, apesar do crescente uso de subsídios pelos desenvolvedores e do aumento da energia não injetada na rede (curtailment), as autoridades reguladoras chinesas – pressionadas pela indústria – agiram com lentidão para inibir a construção de projetos de larga escala fora das quotas alocadas pelo governo. Os desenvolvedores desses projetos acreditam que receberão algum subsídio futuramente”.
“Em segundo lugar, o custo da energia solar continua caindo na China, e cresce o número de projetos em telhados, parques industriais e outros locais para geração distribuída – sistemas não limitados por quotas governamentais. Grandes consumidores de energia na China estão instalando painéis solares para suprir sua própria demanda, com subsídio mínimo”.
Investimento por país
No total, a China investiu US$ 132,6 bilhões em tecnologias de energia limpa, montante que representa um salto de 24% e um novo recorde. O segundo país que mais investiu foi os EUA, com US$ 56,9 bilhões, montante 1% superior ao de 2016, não obstante a menor simpatia demonstrada pela administração Trump em relação às fontes de energia renovável.
Financiamentos de grandes projetos eólicos e solares resultaram em um investimento de US$ 9 bilhões na Austrália, alta de 150%, e de US$ 6,2 bilhões no México, alta de 516%. Por outro lado, o Japão viu seus investimentos caírem 16% em 2017, para US$ 23,4 bilhões. Na Alemanha, os investimentos caíram 26%, para US$ 14,6 bilhões; no Reino Unido, os investimentos caíram 56% devido a mudanças na política de apoio, totalizando US$ 10,3 bilhões. No total, a Europa investiu US$ 57,4 bilhões, representando uma queda de 26% em relação ao ano anterior.
Como mencionado, o setor de energia solar saiu na frente, atraindo US$ 160,8 bilhões – o equivalente a 48% de todo o investimento mundial em energia limpa. Os dois maiores projetos solares aprovados no ano passado estão nos Emirados Árabes Unidos: a planta de 1,2GW de Marubeni JinkoSolar e Adwea Sweihan, um investimento de US$ 899 milhões, e a instalação de 800MW de Sheikh Mohammed Bin Rashid Al Maktoum III, estimada em US$ 968 milhões.
O segundo setor que mais recebeu investimentos em 2017 foi o eólico, com US$ 107,2 bilhões. Esse montante representa queda de 12% em relação aos níveis de 2016, mesmo com um número recorde de projetos financiados onshore e offshore. No segmento onshore, a American Electric Power afirmou que apoiaria o projeto Oklahoma Wind Catcher de 2GW nos EUA, um investimento de US$ 2,9 bilhões, sem a transmissão. No segmento offshore, a Ørsted afirmou ter chegado à ‘decisão final de investimento’ em relação ao projeto Hornsea 2 de 1.4GW no Mar do Norte do Reino Unido, estimado em US$ 4,8 bilhões. Além disso, houve o financiamento de 13 projetos eólicos offshore chineses no ano passado, com capacidade total de 3,7GW e investimento estimado de US$ 10,8 bilhões.
O terceiro setor que mais recebeu investimentos foi o de tecnologias inteligentes de energia, onde o financiamento de ativos de medidores inteligentes e armazenamento de bateria e o levantamento de capital por empresas especializadas em redes inteligentes, eficiência, armazenamento e veículos elétricos somaram US$ 48,8 bilhões em 2017, alta de 7% em relação ao ano anterior e o maior montante da história.
Os demais setores ficaram bem para trás – o investimento foi de US$ 4,7 bilhões no setor de geração de energia com biomassa e resíduos, queda de 36%, e de US$ 2 bilhões no de biocombustíveis, queda de 3%; no de pequenas centrais hidrelétricas, os investimentos foram de US$ 3,4 bilhões, queda de 14%; nos serviços de baixo carbono, US$ 4,8 bilhões, queda de 4%; no setor de energia geotérmica, US$ 1,6 bilhão, queda de 34%, e no de energia marinha, US$ 156 milhões, queda de 14%.
O total dos investimentos em energia limpa exclui projetos hidrelétricos de mais de 50MW. Entretanto, para efeito de comparação, as decisões finais de investimento em grandes projetos hidrelétricos devem ter somado entre US$ 40 e 50 bilhões em 2017.
Estimativas preliminares da BNEF indicam que uma capacidade de geração de energia limpa recorde de 160GW (excluindo grandes hidrelétricas) entraram em operação em 2017, com a energia solar fornecendo 98GW desse montante, a eólica, 56GW; a energia de biomassa e resíduos deve responder por 3GW, as pequenas hidrelétricas por 2,7GW, enquanto o setor de energia geotérmica deve gerar 700MW e o de energia de marinha, menos de 10MW.
Investimento por categoria
Desdobrando o investimento total por tipo de contrato, vemos que a categoria dominante, como sempre, foi o financiamento de ativos de projetos de energia renovável de larga escala com mais de 1MW. No total, foram investidos US$ 216,1 bilhões em 2017, uma fração acima do investimento do ano anterior. Projetos de pequena escala, de menos de 1MW (sistemas solares pequenos) atraíram US$ 49,4 bilhões, alta de 15% – um reflexo, em grande parte, do aumento nas instalações na China.
O levantamento de capital em bolsas internacionais por empresas especializadas em energia limpa totalizou US$ 8,7 bilhões em 2017, caindo 26%. As maiores transações nessa categoria foram uma emissão de ações conversíveis de US$ 978 milhões pela Tesla, fabricante de carros elétricos, e uma venda de ações de US$ 545 milhões pela Guodian Nanjing Automation, empresa chinesa fornecedora de tecnologia para usinas de geração e transmissão.
Os investimentos de capital de risco e capital privado em energia limpa totalizaram US$ 4,1 bilhões em 2017, queda de 38% em relação ao ano anterior, e menor montante desde 2005. Os maiores contratos foram uma rodada de Série A de US$ 400 milhões para a Microvast Power System, fabricante de tecnologia para veículos elétricos da China, e uma rodada de expansão de capital de US$ 155 milhões para a Greenko Energy Holdings, desenvolvedora de projetos eólicos da Índia.
O financiamento de ativos em tecnologia inteligente de energia foi de US$ 21,6 bilhões, alta de 36%, graças ao aumento na instalação de medidores inteligentes e de baterias de íons de lítio para armazenamento de energia. A pesquisa e o desenvolvimento corporativo de energia limpa subiram 11%, totalizando US$ 22,1 bilhões, e o P&D governamental ficou quase inalterado, totalizando US$ 14,5 bilhões.