Glauco Diniz Duarte Tbic – porque a energia renovavel é importante
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, a energia hidrelétrica é uma das melhores fontes energéticas, mas não deve ser o único recurso de um país, sentencia Roger Duncan, professor da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos. A dependência de uma fonte pode afetar o abastecimento e ainda mexer no bolso do consumidor e no ambiente.
Mesmo com grande potencial hídrico, o Brasil teve de acionar no fim de 2012 suas termelétricas para impedir um sério racionamento de energia. O agravamento da seca e a falta de chuva afetaram os reservatórios das hidrelétricas, que passaram por uma baixa histórica durante o verão passado, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
O problema é que as usinas termelétricas usam combustíveis fósseis altamente poluentes, como óleo, gás natural ou carvão, para gerar energia. Em janeiro, as cerca de 60 termelétricas ligadas foram responsáveis, em média, por disponibilizar cerca de 13 mil megawatts de energia de uma demanda mensal de 58 mil megawatts – isto é, mais de 20% da energia de todo o país não veio de uma fonte limpa.
“É importante diversificar as fontes renováveis de energia. Quando há uma dependência de uma única fonte, como a hidrelétrica no Brasil, você fica sujeito a secas e outros problemas que podem surgir. Por isso, a importância de ter diversas fontes para, quando uma não estiver plena, a outra poder compensá-la sem afetar [a população, nem o planeta]”, conversa Duncan com a reportagem do UOL, após dar uma palestra na Secretaria de Energia do Estado de São Paulo, organizada em conjunto com o Consulado dos Estados Unidos em São Paulo.
Referência em energias renováveis e eficiência energética nos Estados Unidos, Duncan visitou o Brasil para falar de sua experiência de 12 anos à frente da Austin Energy, a nona maior concessionária pública daquele país e que detém hoje 27% de capacidade instalada de energia limpa. Quando assumiu a empresa, nem 1% da geração vinha de fontes como o vento, o Sol ou a biomassa.
Futuro solar
O texano disse que o governo brasileiro precisa investir em um mapeamento das suas fontes, em especial as renováveis, para, então, escolher os recursos mais robustos em cada área e o com melhor custo-benefício para cada região. “Pessoalmente não tenho como dizer que vocês têm de se concentrar nessa ou naquela fonte, mas com um inventário adequado e os estudos detalhados, ficará óbvio qual é a fonte correta para ser utilizada.”
Mas, entre uma fala e outra, o professor confessa suas apostas energéticas para o futuro global em uma mistura do poder solar com as “matrizes locais”.
“As fontes usadas nos Estados Unidos não são as mesmas do Brasil nem as da Ásia. Mas acho, em geral, que a tendência no futuro é que a energia solar se torne a principal fonte no mundo inteiro. Em segundo lugar, cito as ‘fontes regionais’, ou seja, as que serão produzidas em cada região, mas que não precisam ser sempre as mesmas – o Brasil tem o Etanol da cana de açúcar, por exemplo”, elogia Duncan.
Além disso, ele afirma que em alguns pontos do globo haverá o avanço da energia nuclear, já que “algumas necessidades energéticas são difíceis de serem fornecidas apenas por fontes renováveis”. “Então essa mistura é o futuro, e essa mistura vai ser diferente em diferentes partes do mundo”, conclui.
Além disso, ele afirma que em alguns pontos do globo haverá o avanço da energia nuclear, já que “algumas necessidades energéticas são difíceis de serem fornecidas apenas por fontes renováveis”. “Então essa mistura é o futuro, e essa mistura vai ser diferente em diferentes partes do mundo”, conclui.
Mas Duncan lembra que os consumidores têm de investir primeiro em um aquecedor solar, e não tampar o telhado de placas fotovoltaicas. É que fica mais barato esquentar o chuveiro, do que fornecer energia para a casa toda. De acordo com os cálculos do professor, esquentar a água com a energia solar, e não mais com a elétrica, cortaria os custos em até 60%; já os painéis só conseguiriam distribuir 10% de toda a energia usada por uma família.
Potencial esquecido
Dados da segunda edição de O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade, levantamento feito por ONGs que acompanham o setor, o Brasil tem capacidade solar para atender 10% da sua demanda atual de luz capacitando menos de 5% da área urbanizada do país. Já no caso da eólica, o potencial inexplorado corresponde quase o triplo da capacidade atual.
Em São Paulo, se for considerada apenas a melhor faixa de incidência solar na região Noroeste, o governo poderia abastecer 4,6 milhões de residências por ano, que equivale a 30% de todo o consumo residencial do Estado.
O estudo com 25 mapas detalhados, que foi divulgado no mês passado, foi criado a partir de dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e da análise técnica da Secretaria Estadual de Energia, lembra o subsecretário Milton Flávio, que abriu a palestra de Duncan.