Glauco Diniz Duarte Tbic – uranio é energia renovavel
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, recentemente, a revista Scientific American lançou uma reportagem que abordava o tema da energia nuclear como alternativa a curto prazo para combater o problema do aquecimento global. Isso porque, com a reutilização de algumas ogivas nucleares, uma grande quantidade de emissões de gases estufa foi poupada nos EUA. Mas será que essa alternativa vale mesmo a pena?
O que é energia nuclear?
É a energia proveniente da junção de prótons e nêutrons no núcleo do átomo. Quando um nêutron atinge o núcleo de um átomo de urânio-235, dividido com emissões de dois a três nêutrons, uma parcela de energia que ligava os prótons e os nêutrons é liberada em forma de calor.
No passado, essa energia foi utilizada na Segunda Guerra Mundial, pelos Estados Unidos, nas bombas de Hiroshima e Nagasaki, que causaram destruição em massa nos locais, com graves consequências até os dias atuais. O período da Guerra Fria também contou com trocas de ameças nucleares envolvendo as duas principais potências da época (União Soviética e Estados Unidos). A partir do ano de 1950, foram criados programas pacíficos para utilização da energia nuclear.
Atualmente
A energia nuclear tem sido alvo de especulações e debates em todo o mundo, principalmente depois de desastres como os deThree Mile Island, no EUA, em 1979, em Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, e em Fukushima, no Japão, em 2011. Autoridades não têm posição fechada sobre a utilização de energia nuclear no combate ao aquecimento global.
Mas o fato curioso é que, utilizando uma espécie de upcycle, os EUA transformaram 19 mil ogivas russas (que foram construídas com o propósito destrutivo) em combustível para reatores nucleares que produzem 20% de energia no país. Foi constatado pelo cientista climático James Hansen, da Universidade de Columbia, que essa iniciativa evitou 64 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa, além de fuligens e outros poluentes atmosféricos expelidos por usinas de energia movidas a carvão – logo, estima-se que cerca de 1,8 milhão de vidas foram salvas no país em questão.
A China é a atual líder em novos reatores nucleares, com 29 em construção e mais 59 programados, segundo a Associação Nuclear Mundial. E mesmo quando todos os reatores estiverem funcionando, o país ainda terá que suprir 50% de sua demanda com energia do carvão – matriz que corresponde a cerca de 50% das emissões mundiais.
No entanto, todo o esforço para construir uma usina nuclear envolve muitos gases estufa. As emissões oriundas da produção do cimento e do aço utilizados no processo, além do que é gasto para enriquecer o urânio (combustível para a usina) fazem com que, de acordo com o Laboratório de Energia Renovável do Departamento de Energia dos EUA, haja o gasto de 12 gramas de CO2 para cada quilowatt hora (kW/h) de energia elétrica produzida – equivalente aos números de uma usina eólica e inferior aos de uma usina solar.
O custo da produção de uma usina nuclear é imenso. Uma alternativa tentada por alguns países é construir reatores menores – prática que já foi testada nos EUA.
Alternativa de energia com menos emissões?
O fato é que não se discutia tanto a questão nuclear desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Certos especialistas dizem que embora a energia nuclear apresente desvantagens, como o alto investimento em projetos, construções, tecnologias e o risco ambiental e de catástrofes, vale a pena investir em construções de reatores para geração desse tipo de energia e, consequentemente, diminuir a utilização da queima de carvão que gera muitas emissões, principalmente a curto prazo – com o enriquecimento de urânio para servir de combustível em usinas já existentes.
Mas será que vale a pena correr tantos riscos? O que é melhor? Os perigos das catástrofes nucleares já repetidas algumas vezes na história ou continuar com as emissões em larga escala, que estão esquentando o planeta? A energia renovável é sempre preferencial, mas ainda não consegue suprir toda a demanda. Enquanto isso, ficamos sem resposta.