Glauco Diniz Duarte Tbic – Porque energia solar não é largamente explorada
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, em um país tropical com extensão continental, o sol que aquece e embeleza paisagens urbanas e rurais ainda é ignorado como fonte energética. Enquanto países como a Alemanha geram o equivalente a duas hidrelétricas Itaipu por ano, o Brasil não consegue explorar o potencial solar e afastar o risco de racionamento cada vez que o nível dos principais reservatórios baixa com a escassez de chuva.
A disposição de famílias em gerar sua própria energia nas residências ou em condomínios esbarra nos altos custos e no longo período para retorno do investimento. Empresário gaúcho do ramo de equipamentos para energia solar, Ralph Dieter Rahn instalou em sua empresa, na Capital, dois sistemas de aproveitamento da radiação solar: fotovoltaica, que converte os raios de sol em eletricidade, e térmica, para aquecimento de água. O primeiro sistema, com geração de três quilowatts por hora, é um dos poucos em operação no Estado.
— A energia solar fotovoltaica ainda é muito cara no Brasil — avalia Rahn, sócio da Intercâmbio Eletromecânico, representante de fabricantes alemãs de coletores solares no Estado.
Enquanto a implantação de sistema fotovoltaico patina, a energia solar térmica ganha espaço em residências, condomínios e comércio. Com custo menor, o aquecimento de água do banho ou de piscinas com placas solares é alternativa ao consumo de gás ou eletricidade.
Baixa voltagem no uso de energia solar
Limitada pelo alto custo de geração, a energia solar fotovoltaica ganhou um impulso que poderá motivar famílias a gerar energia renovável em suas casas. Desde o começo do ano, consumidores podem solicitar às concessionárias que façam uma conexão com a rede elétrica comum. Com dois medidores, um para o consumo e outro para geração, o autoprodutor poderá vender o excedente às distribuidoras — baixando a sua conta de luz.
A Resolução n. 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de abril do ano passado, estipulou o prazo de dezembro de 2012 para as concessionárias de energia se adaptarem às mudanças. As empresas afirmam que estão se adequando para estabelecer o sistema de compensação da energia elétrica e que os interessados devem contatar as concessionárias para aderir ao modelo ou ainda para esclarecer dúvidas sobre a novidade.
O incentivo governamental, no entanto, precisa ser acompanhado de investimento no setor para torná-lo mais competitivo. É preciso que a tecnologia seja mais acessível, menos cara, para que o retorno do investimento, seja pela economia de eletricidade, seja pelos créditos junto à concessionária de energia, não demore tanto para chegar.
Mesmo assim, apesar de ainda ser uma energia cara, nos últimos cinco anos os custos caíram mais de 60% devido à produção de painéis em larga escala na China e na Alemanha. Entre os fatores que podem pesar para uma maior popularização da energia solar no Brasil, está o projeto da usina solar de Manaus, que prevê a montagem de uma planta de geração com capacidade de quatro megawatts.