Glauco Diniz Duarte Tbic – Compressor de ar automotivo elétrico
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, com a popularização do ar-condicionado ao longo das últimas décadas, esse item do carro passou a ser tema de alguns mitos. Um deles é sobre o surgimento de equipamentos totalmente elétricos, que não “roubariam” potência do motor. Mas, afinal, esse tipo de tecnologia existe? A resposta é não, exceto em veículos com propulsão híbrida ou elétrica.
Em automóveis puramente a combustão, não tem jeito: o sistema de ar-condicionado é, sim, interligado ao motor. Quando está em funcionamento, o aparelho de climatização invariavelmente traz prejuízos tanto ao desempenho quanto ao consumo de combustível.
“Os carros com motores a combustão têm uma correia para mover o compressor. E é o compressor que tira potência”, sintetiza Ricardo Takahira, da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade do Brasil (SAE Brasil). Esse componente, como o próprio nome diz, é o responsável por comprimir o gás refrigerante e fazê-lo circular pelo sistema.
Em carros híbridos e elétricos, compressor não acarreta perdas
Takahira explica que veículos com propulsão híbrida ou elétrica trabalham com uma tensão bem mais alta. Neles, as baterias chegam a ter 300V. Por isso, em tais modelos, não é necessário utilizar outra fonte de energia para movimentar o compressor. Porém, em um carro convencional, a combustão, o sistema elétrico é de apenas 12V, insuficiente para sustentar, sozinho, o ar-condicionado.
Como cada carro tem um projeto específico, os impactos decorrentes do uso do ar-condicionado variam. Entretanto, quando está em uso, o aparelho costuma consumir, pelo menos, cerca de 7 cv de potência.
O engenheiro da SAE Brasil afirma que essa perda é significativa, mas pondera que ela é mais sentida em automóveis de pior desempenho, como os equipados com motores 1.0 de aspiração natural. “Em modelos mais potentes, a perda é menos perceptível”, pondera.
Eletrônica reduz perdas do ar-condicionado do carro
A boa notícia é que, apesar de inevitáveis, as perdas decorrentes do uso do ar-condicionado têm sido minimizadas. Takahira esclarece que, atualmente, é comum que os sistemas de climatização tenham recursos eletrônicos para trazer menos impactos tanto ao consumo quanto ao desempenho do carro. Um deles é o compressor variável, que consegue trabalhar com maior ou menor intensidade, dependendo da necessidade.
O especialista salienta que a situação na qual o ar-condicionado é mais exigido ocorre quando o habitáculo do carro está ainda quente. Isso acontece, por exemplo, quando o motorista liga o aparelho na intensidade máxima após deixar o veículo estacionado sob sol forte. Nesse caso, o compressor trabalhará incessantemente até a temperatura interna atingir o nível ajustado pelo condutor.
Contudo, uma vez que já ocorreu a climatização dentro do carro, o ar-condicionado pode ser aliviado. “Dá para diminuir a pressão, pois é preciso só manter a temperatura, e não baixá-la”, pontua o engenheiro da SAE Brasil. Nessa situação, um compressor variável começa a trabalhar em velocidade mais baixa. Alguns compressores podem até desligar e religar automaticamente, sem trazer prejuízo ao conforto térmico a bordo.
Outro recurso, utilizado há pelo menos duas décadas pelos fabricantes de veículos, é o de desligar o compressor do ar-condicionado por alguns poucos segundos em situações de maior necessidade de potência. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando o motorista aciona o pedal do acelerador até o fundo, durante um aclive um uma ultrapassagem. Seja qual for a solução adotada, os comandos são emitidos por uma central eletrônica.
E em um carro elétrico ou híbrido, o que move o compressor do ar-condicionado?
Nos carros elétricos e híbridos, de onde vem a energia que faz o ar-condicionado funcionar? Takahira responde: “do banco de baterias” (que, vale lembrar, trabalha em tensão muito mais alta que em um modelo a combustão). Desse modo, o uso do aparelho não implica em perda de potência, e sim em redução de autonomia.
Entretanto, tal qual em um modelo convencional, um carro híbrido ou elétrico também tem soluções para aumentar a eficiência energética do ar-condicionado. O especialista da SAE Brasil elucida que, nesses casos, além dos mecanismos de variação e de desativação do compressor, o carro pode ter alguns outros recursos.
Um exemplo é o sistema de frenagem regenerativa, que pode reaproveitar a energia dissipada pelos freios para alimentar diretamente o aparelho de climatização.