Glauco Diniz Duarte Tbic – Como lavar motor diesel por dentro
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, até os motoristas mais negligentes, daqueles que fazem questão de afirmar que nada entendem e nem querem entender bulhufas sobre carros, se preocupam com a troca do óleo do motor pois sabem ser um esquecimento que pode ser fatal para o saldo bancário.
Óleo do motor é como sangue nas veias, vital para seu bom funcionamento e durabilidade.
Para que serve o óleo do motor?
O óleo do motor do carro serve para lubrificar as partes móveis do motor que se atritam umas com as outras, como pistões nos cilindros ou virabrequim nas bronzinas (casquilhos).
Além disso, é também responsável por ajudar a reduzir as extremas temperaturas internas do motor devido à combustão dos gases.
Deixar de fazer a troca de óleo
É o erro mais importante e frequente. O motorista simplesmente se esquece de conferir a quilometragem (ou o prazo, o que vencer primeiro) determinada pelo fabricante do carro para substituir o óleo lubrificante.
Os intervalos de troca variam de 5 mil a 20 mil quilômetros ou de 6 a 12 meses.
Manter o óleo por intervalo maior é prejudicial pois os aditivos perdem suas propriedades e pode ocorrer um desgaste maior nos componentes. Ou o óleo engrossar e se transformar quase numa graxa, chamada de borra, deixando de circular corretamente pelos canais internos.
O excesso de desgaste pela lubrificação deficiente (que faz acender a luz vermelha de alerta por falta de pressão) exige a retífica do motor, um reparo de elevado custo.
Tem motorista que se recusa a fazer a troca de óleo no prazo de 12 meses: “um absurdo, pois o carro só rodou 3 mil km”. Ele naturalmente ignora que, mesmo sem rodar, os aditivos perdem suas características, exatamente como remédio que expira.
Não observar o prazo da troca de óleo
É normal o nível de óleo (medido na vareta) abaixar um pouco antes de vencido o prazo de troca, pois sempre existe a queima de um pequeno volume do lubrificante durante a combustão.
Mas registram-se diversas anormalidades nessa operação:
Primeiro, o consumo excessivo. Num motor novo, é normal se completar um litro a cada 5 mil km. No mais antigo, se aproximando de 100 mil km, o consumo pode chegar a um litro a cada 1.000 km.
Outro problema é que o nível indicado pela vareta pode estar distorcido porque o carro não está no plano ou porque o motor acabou de ser desligado e ainda tem óleo correndo para o cárter, onde fica a vareta.
O ideal é verificá-lo pela manhã, antes de ligar o motor.
Não trocar o filtro de óleo
A regra é: troque o filtro sempre que fizer a troca de óleo, pois ele pode acumular sujeiras que contaminam o novo lubrificante.
Existem alguns mecânicos que sugerem trocar o filtro apenas a cada duas trocas de óleo. Tipo da “economia de palito”, pois o preço do filtro é pouco mais que simbólico em relação ao custo do óleo.
Não respeitar o manual
A regra básica é: Respeite o Manual! Óleo lubrificante tem várias características que variam entre as diversas marcas e projetos dos motores. As duas principais são a viscosidade e a aditivação.
A primeira é padronizada pela SAE (Sociedade dos Engenheiros Automobilísticos) e a segunda pelo API (American Petroleum Institute).
Viscosidade (SAE) é a fluidez do óleo, ou sua capacidade de escoamento. Quanto mais baixa a viscosidade, mais fluido, e vice-versa. A fluidez varia com a temperatura e, por isso, o óleo do motor é multiviscoso: 10W-40, por exemplo, quer dizer que a viscosidade é 10 em baixas temperaturas (Winter, de inverno) e 40 nas mais elevadas.
Aditivação (API) é a qualidade dos aditivos utilizados na elaboração do óleo. Quanto mais “alta” a letra, mais moderna. A mais recente é a SN, mas ainda existem diversos óleos SL. E também uma ainda mais moderna, específica para motores turbinados e com injeção direta, o SN Plus.
Os óleos podem também ser minerais, semissintéticos e sintéticos.
É importante seguir as instruções do manual em relação a todas essas características, e, se possível, não mudar a marca do óleo, pois cada fábrica o produz com identidade própria.
Não se deve misturar lubrificantes diferentes (sintético com mineral, por exemplo) na hora da troca de óleo, pois eles não se combinam.
Em caso emergencial, esgote todo o cárter que tenha sido completado com outro óleo assim que possível.
Exatamente entre as marcas de “mínimo” e “máximo” na vareta. Se o nível ainda se encontra na marca de “mínimo”, não vale a pena completar com o lubrificante pois ele é vendido, em geral, em frascos de 1 litro.
E, nesse caso, o óleo poderia superar o nível máximo.
Problemas: abaixo do mínimo, o óleo poderá faltar para a bomba em situações extremas como curvas e início de subidas ou descidas muito íngremes.
Por outro lado, exceder o “máximo” pode deixar o nível tão elevado que o óleo será atingido pelo eixo virabrequim em seu movimento rotatório. Além de representar um freio, as ondas provocadas podem provocar espuma. Que circulam no óleo e prejudicam a lubrificação.
Troca de óleo para diesel?
Se o motor foi projetado para gasolina ou etanol, não se deve jamais utilizar óleo para motores diesel. Há quem sugira esta opção na troca de óleo, alegando que o motor a diesel recebe muito mais esforço que os demais, pelas elevadas taxas de compressão e pelo seu próprio funcionamento.
E que, por isso, seria capaz de resistir a maiores exigências.
Entretanto, cada óleo é projetado para o combustível daquele motor e resistir aos gases da combustão não queimados que descem até o cárter.
Gases provenientes dos motores diesel são completamente diversos dos demais, e o óleo projetado para motor diesel pode não resistir à contaminação dos gases de gasolina ou etanol.
Uso de aditivos na troca de óleo
Assunto polêmico, devido aos fortes interesses comerciais envolvidos. Basicamente, nem há o que se discutir: o óleo lubrificante já é produzido com todos os aditivos necessários para o bom funcionamento e a durabilidade do motor.
E essa aditivação original vem sendo atualizada frequentemente, sempre sincronizada com as novas tecnologias desenvolvida para os novos motores, conforme explicado acima.
Óleo recomendado no manual do proprietário é o resultado de um desenvolvimento conjunto entre as engenharias da fábrica do automóvel e a do óleo.
Existem, entretanto, dezenas de empresas que fabricam aditivos para diversos fluidos, inclusive para o óleo do motor. Cada uma anuncia resultados “extraordinários” para convencer o freguês, entre eles melhor lubrificação, menor atrito e maior desempenho, redução de temperatura e até a que anuncia “recomposição” de componentes metálicos desgastados…
Há quem diga que “aditivo no cárter, se não fizer bem, mal não faz!”. Ledo engano: pode não combinar quimicamente com os aditivos originais do óleo recomendado pela montadora, ou outro qualquer que já esteja no cárter.
E fazer mal, sim! O resultado dessa falta de “relacionamento molecular” pode ser desastroso.