Glauco Diniz Duarte Tbic – Como funciona retifica de motor
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, os cuidados com um motor retificado devem fazer parte da rotina de todo o motorista que quer conservar o próprio carro e, com isso, preservar o patrimônio adquirido. É comum ouvirmos dizer que o motor é como se fosse o coração de um automóvel, já que é deste componente que parte a força necessária para fazer o veículo se movimentar.
Você também já deve ter ouvido falar que o conserto de um motor é um dos serviços mais caros em uma oficina. Por isso, se quer proteger o propulsor do seu carro por mais tempo, confira a seguir quatro cuidados com um motor retificado.
A importância de amaciar o motor
Antes de tratarmos exatamente a respeito do que você deve fazer para estender a vida útil de um propulsor recondicionado, vale lembrar um pouco sobre o que é retificar. Como você já deve saber, o motor é composto por itens, como pistão, biela e virabrequim, entre outros, que trabalham em altas rotações e em altas temperaturas. Esse movimento gera atrito e, com o passar do tempo, é comum haver desgaste das peças. Consequentemente, o motor perde desempenho e passa a gastar mais combustível e a queimar óleo além da conta.
Quando o carro já rodou bastante, em torno de 200 mil quilômetros, geralmente aparece a necessidade de se fazer uma retífica, que serve para devolver ao motor as características originais de fábrica. Isso porque, com o tempo de uso, as peças do propulsor tendem a possuir desgastes, folgas, desalinhamentos, entre outros problemas, que prejudicam a performance do veículo. Antes de procurar por uma retífica, porém, é importante saber se a oficina segue os procedimentos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para retificação de motores e se garante a qualidade do serviço.
Se o conserto no motor for feito da maneira correta, depois da restauração, a vida útil do propulsor pode se igualar à de um motor novo. Da mesma maneira, os cuidados com um motor retificado são semelhantes aos com um propulsor zerado. Por exemplo, o motorista deve ficar atento ao amaciamento das peças. Retíficas mais especializadas, que possuem um equipamento chamado dinamômetro, já entregam o motor pré-amaciado. Caso contrário, o motorista terá que fazer esse trabalho por conta própria, geralmente entre 500 e 1000 quilômetros após a retífica.
Quando receber o propulsor da oficina, cheque se não há manchas de óleo ou de água no bloco. É importante que o motor seja entregue seco. Ao ligá-lo pela primeira vez, depois da retífica, observe se não há vazamentos nas juntas. Isso não deve ocorrer.
Na etapa de amaciamento, assim que você receber o motor retificado é importante que ligue a chave do carro e deixe o propulsor aquecer em marcha lenta durante um tempo, até que a ventoinha seja acionada duas vezes. Isso serve para que o sistema de injeção eletrônica faça a leitura do funcionamento do motor, por meio dos sensores, e realize os ajustes necessários para obter o melhor rendimento da queima da mistura de ar e combustível.
O aquecimento também serve para que o óleo possa aumentar de temperatura, passar pelos dutos das paredes do bloco e lubrificar as peças móveis do motor. Lembre-se de que o óleo tem papel crucial nos quilômetros rodados logo após a retífica, já que ele pegará eventuais partículas que tenham sobrado do processo de retificação. Vamos falar mais do óleo em seguida. Antes, cabem algumas dicas quanto à direção.
Quando for amaciar o motor, não faça acelerações bruscas. Procure não forçar o propulsor nos quilômetros que sucedem a retífica, o que inclui não esticar as marchas. Ainda assim, não ande com o carro em rotações muito baixas. Tenha em mente que o período de amaciamento serve, também, para checar se o serviço de retificação foi feito com qualidade e se não será preciso de algum reparo. Geralmente, as oficinas oferecem garantia para esse trabalho, mas, para isso, é requisito que o motorista faça algumas revisões no estabelecimento.
Trocar o óleo e o filtro
Como já ressaltamos anteriormente, o óleo do motor tem função primordial de lubrificar as peças internas do propulsor para diminuir o atrito e o desgaste prematuro dos componentes, além de ajudar na refrigeração do bloco. Por isso, depois da restauração do motor, acompanhe com mais rigor o nível do óleo para que ele esteja entre as marcações de mínimo e máximo. Fique atento para uma eventual diminuição muito rápida do nível. Se isso ocorrer com frequência, leve o carro ao mecânico que fez o conserto.
A primeira troca de óleo após a retífica é essencial para o bom funcionamento do motor, já que partículas originadas da retificação ficam presentes no lubrificante e no filtro. A primeira troca de óleo do motor retificado deve ocorrer, geralmente, entre 500 e 1.000 quilômetros após o conserto.
As trocas seguintes, via de regra, ocorrem 3.000 e 5.000 quilômetros após a retífica. Vale lembrar que sempre é importante trocar o óleo e o filtro juntos, para garantir maior pureza do lubrificante e evitar que partículas danifiquem o movimento das peças. As trocas seguintes geralmente ocorrem a cada 5.000 quilômetros. Procure sempre colocar o óleo recomendado pelo fabricante do veículo.
Substitua o filtro de ar no tempo certo
Outro item importante para o bom funcionamento do motor retificado é o filtro de ar. Esse elemento serve para que a câmara de combustão de cada cilindro seja alimentada com ar puro, sem partículas que possam danificar o pistão, os anéis de vedação e outras peças do motor. Entre os cuidados com um motor retificado, deve-se sempre vistoriar o filtro de ar a cada revisão. Saiba que, se houver sujeira, umidade e danos no material filtrante, o filtro deve ser imediatamente trocado por um novo. Tenha em mente que se o ar que entra no cilindro não for de boa qualidade, a queima da mistura ar/combustível não será ideal e, com isso, o carro perderá desempenho.
Como você pode perceber, o motorista deve ter uma atenção especial nos cuidados com um motor retificado, para estender a vida útil de um carro usado e para trafegar tranquilamente ainda por muitos quilômetros.