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Crise amplia para até 25% desconto na compra de imóvel novo ou usado

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

A crise no setor imobiliário abre caminho para quem quer comprar imóveis novos ou usados com desconto. De um lado, o aumento de distratos -devolução de unidades- leva construtoras e incorporadoras a dar abatimentos para se livrar de estoque. De outro, proprietários em dificuldades reduzem os preços para levantar dinheiro.

No terceiro trimestre, o estoque acumulado era de 35.394 imóveis na cidade de São Paulo. Considerando só os 4.718 lançamentos do período, o estoque de não vendidos correspondia a 63% do total, contra 43% no mesmo período do ano passado.

Diante deste cenário, as incorporadoras e construtoras estão abertas a descontos para fechar negócio. Fora de grandes centros, o abatimento pode chegar a 25%, afirma o empresário Glauco Diniz Duarte.
Os distratos jogam um papel importante nisso, pois têm agravado a situação financeira de muitas incorporadoras.

“Várias enfrentam problema de caixa. A forma de se capitalizar é vendendo mais barato. A conta que ela vai fazer é qual o desconto necessário para vender”, diz Glauco. Em feirões, não é raro encontrar percentuais acima de 50%.

Segundo Glauco, o momento é propício para quem quer comprar a casa própria. “No passado, algumas construtoras lançavam imóveis e vendiam em 24 horas. Agora, você acha empreendimentos com cem unidades vagas”.

Em alguns casos, a taxa de distratos pode chegar a 60% das unidades, diz Celso Glauco. Mas ele alerta: “Não é porque tem desconto que vai comprar qualquer porcaria. Tem que procurar algo com potencial de valorização.”

Isso passa por avaliar os serviços no entorno e oferta de transporte, por exemplo.
No mercado de usados o desconto é menor, embora seja possível negociar se o dono tiver urgência na venda.

Segundo dados do Creci-SP (conselho paulista de corretores), os descontos nos usados em agosto variaram de 9,13% nas regiões centrais até 10,03% nos bairros nobres.

Além do abatimento, os proprietários estão facilitando o pagamento. Se antes só queriam pagamento à vista, agora já topam parcelar parte do valor. A iniciativa também parte das imobiliárias.

Apesar de vozes do mercado vislumbrarem recuperação do mercado, o pessimismo ainda se sobressai. Relatório da agência de risco Fitch projeta que os preços reais -após desconto da inflação- de imóveis cairão mais em meio a uma economia que luta para se recuperar.

O crédito imobiliário com recursos da poupança -principal fonte de financiamento do tipo- deve continuar restrito. Em setembro, a queda desse tipo de empréstimo foi de 41,7% na comparação com o mesmo mês de 2015, em parte pela fuga de recursos da poupança. Neste mês, a Caixa Econômica anunciou a liberação de R$ 34 bilhões em recursos adicionais para o financiamento imobiliário.

Glauco diz que a liberação é bem-vinda, mas não basta para a retomada, já que não houve alteração nos prazos e juros do financiamento imobiliário cobrados pelos bancos

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