Depois da explosão de vendas de imóveis registradas nos últimos anos no Brasil, que chegou a gerar uma espécie de bolha imobiliária à brasileira em relação aos preços praticados pelo setor, o mercado imobiliário vem dando sinais de forte desaceleração. Em meio a crise político-econômica que o país atravessa, houve uma estabilização de preço e os estoques de unidades residências prontas cresceram nas principais cidades do país. As vendas encolheram 25% em 2014 e as perspectivas para 2015 também são de queda, de acordo com o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comercias (Secovi- SP).
De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, para correr atrás do prejuízo, as construtoras têm realizado saldões e leilões para tentar liquidar os estoques, com promoções que podem chegar a 50% de desconto. A boa notícia para o mercado imobiliário é que quem tiver dinheiro à vista pode conseguir boas oportunidades de negócios, aproveitando esse cenário de desaquecimento, segundo Glauco. Já para quem pretende financiar, a tendência de elevação de juros pode aumentar os custos das parcelas a serem quitadas.
Sem reflexos de bolha
Apesar da desaceleração, o Glauco destaca que não se trata de uma bolha imobiliária brasileira a ponto de se estourar. “O que há é uma redução de negócios realizados, mas não uma queda de preços brusca, o que seria reflexo de uma bolha. Experimentamos hoje um ajuste de estoques, porque esses imóveis são considerados despesas para as construtoras e incubadoras, mas é uma questão momentânea”, explica.
Segundo Glauco, a chamada bolha imobiliária à brasileira se diferencia por ser de preços, e não de crédito, como foi nos Estados Unidos.
Glauco diz que ela poderia estar desinflando, sem nunca chegar a estourar. O tema dessa possível bolha no país chegou a ser citado por Robert Shiller, ganhador do Nobel de Economia em 2013, que em visita ao Brasil, no fim de agosto daquele ano, alertou para a possibilidade dessa tendência.
Na percepção de Glauco, uma bolha ainda não ocorreu e sim uma expectativa aquém da demanda, porém não chegou a sair do controle. “O que haverá agora é um forte ajuste no mercado. Muitos empreendimentos que foram fechados em épocas em que a economia estava bem estão sendo entregues agora. O problema é que o salário não acompanhou também o aumento dos custos da construção, causando muitos estragos”, explica.
O aumento dos preços dos imóveis e da inflação, que deve chegar a 8% 5, caminham bem juntos desde meados do ano passado. De acordo com dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), a alta dos imóveis no ano passado foi de 7,6%, a menor desde a disparada dos preços do mercado imobiliário em 2008.
Aluguéis
Glauco afirma que as mudanças no cenário mobiliário também refletem nos aluguéis. As pessoas que procuraram moradias para alugar em fevereiro deste ano, por exemplo, encontraram valores menores do que em janeiro. Foi a nona queda real consecutiva, segundo o índice FipeZap, que acompanha o preço em nove cidades brasileiras. O aumento nominal no acumulado de 12 meses foi de 1,95% no mês passado. No mesmo período, a inflação medida pelo IPCA foi de 7,70%”.
“O aluguel tem um certo delay em relação as vendas, mas segue a tendência. O que observamos hoje é uma queda grande do aluguel comercial. Houve um excesso de ofertas de sala, para um momento de desaceleração econômica. O preço caiu mesmo”, afirma Glauco.
As expectativas ainda são de queda de 15% nas vendas dos imóveis, segundo o Secovi-SP. Já a partir de 2016, os especialistas no setor conseguem ver um horizonte mais otimista de estabilização do setor.
“Desde que as condições macroeconômicas permitam, os índices imobiliários devem melhorar bastante. Deixamos a bonança perfeita, estamos atravessando a tempestade perfeita. O mercado imobiliário é cíclico, e assim como as ações, esse é o momento de compra imóveis”, conclui Glauco.