GLAUCO DINIZ DUARTE Pesquisa aponta que cafeína melhora o rendimento das células que absorvem a luz solar
A busca por alternativas mais baratas para as células fotovoltaicas feitas de silício já chegou à comunidade científica, que vem investigando outros materiais para este propósito. E parece que esta busca já está dando resultados.
De acordo com uma pesquisa de um grupo de cientistas da Universidade da Califórnia (EUA), a perovskita, um mineral, torna possível a obtenção de painéis solares mais eficientes e que geram mais energia se for acrescido de cafeína. O estudo, publicado na revista científica “Joule”, da editora Cell, afirma que a cafeína pode ajudar a obter “uma alternativa promissora” às células fotovoltaicas tradicionais.
Quase como uma brincadeira, a ideia da pesquisa teve início justamente durante um café da manhã, quando os cientistas discutiam sobre as células fotovoltaicas de perovskita e cogitaram a hipótese de que os equipamentos, assim como nós, precisariam de café para render melhor. Desta forma, eles lembraram que a cafeína é um composto alcaloide com estruturas moleculares que poderiam interagir com a perovskita, uma estrutura cristalina de vários compostos.
Ao longo dos últimos anos, mesmo com avanços significativos, um dos desafios da comunidade científica foi tentar aumentar a estabilidade térmica das células fotovoltaicas, melhorando sua camada de perovskita por meio da introdução de compostos como o dimetilsulfóxido. Entretanto, pesquisadores tiveram dificuldades para aumentar a eficiência e a estabilidade das células fotovoltaicas feitas com esse material no longo prazo.
Como ninguém ainda tinha testado a cafeína, no departamento de Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade da Califórnia, a equipe acrescentarou cafeína a uma camada de perovskita de 40 células fotovoltaicas e utilizaram espectroscopia infravermelha para determinar se a cafeína tinha sido aderida com sucesso ao material. O resultado foi positivo.
A pesquisa constatou que tal interação aumentou a quantidade mínima de energia requerida para que a película de perovskita reagisse, aumentando a eficiência da célula solar de 17% para mais de 20%.
Mas, apesar da cafeína parecer melhorar significativamente o rendimento das células que utilizam perovskita para absorver a luz solar, os pesquisadores ainda não acreditam que ela seja útil para outros tipos de células fotovoltaicas. Apesar da estrutura molecular única da cafeína só permitir com que ela interaja com os precursores da perovskita, isto já dá para esta variedade de células fotovoltaicas uma vantagem no mercado.