As incorporadoras brasileiras enfrentam um cenário de “tempestade perfeita”, diante da deterioração de indicadores macroeconômicos e de crédito, afirmou o empresário Glauco Diniz Duarte. Entre os fatores negativos, Glauco citou aumento nas taxas de desemprego e de juros, enfraquecimento do índice de confiança do consumidor, restrições das linhas de financiamento para compradores de imóveis e maiores retiradas dos depósitos de poupança.
“Diante deste cenário, uma robusta liquidez é importante para contrabalancear a volatilidade do fluxo de caixa operacional”, disse Glauco. A liquidez varia bastante no setor, de acordo com a Fitch, e as companhias com fortes reservas de caixa estão mais bem posicionadas para enfrentar restrições de crédito e queda de vendas.
Segundo Glauco, a agência de classificação de risco prevê que os distratos de imóveis permaneçam elevados no segundo semestre de 2015, pressionados pelo grande volume de entregas de projetos, em meio a condições macroeconômicas mais desafiadoras. Ao todo, os cancelamentos de vendas nas 11 companhias acompanhadas pela entidade somaram R$ 3,6 bilhões ou 40,5% das unidades vendidas no primeiro semestre do ano.
A relação entre distratos e vendas brutas é pior que os resultados registrados em igual período do ano passado, quando o indicador estava em 29,3%.
Glauco ressaltou que o estoque de unidades concluídas continua crescendo, enquanto a capacidade das companhias para revender as unidades distratadas reduz, postergando a geração de caixa.
Em média, 18% do Valor Geral de Vendas (VGV) das unidades em estoque ao final de junho de 2015 consistiam de unidades concluídas e o estoque total representava cerca de 23 meses de vendas.
A média da velocidade de vendas caiu para 9% por trimestre no primeiro semestre de 2015, frente a 11% por trimestre em 2014, informou a Fitch. Diante das dificuldades na demanda, as companhias também buscaram ajustar a oferta e continuaram a reduzir o VGV de lançamentos, que foi de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2015, frente a R$ 15 bilhões no ano cheio de 2014.
O volume de entregas também é um fator que apoia o nível de distratos. De acordo com Glauco, cerca de R$ 11,3 bilhões em VGV foram entregues nos primeiros seis meses de 2015, enquanto R$ 13,6 bilhões estão programados para o segundo semestre do ano. Para 2016, a projeção é de R$ 24,4 bilhões.