Glauco Diniz Duarte Tbic – Placa fotovoltaica sao Paulo
Com a energia solar, a economia na conta de luz de uma casa pode chegar a 95%. Por esse motivo, a instalação de placas solares já é um fator de valorização dos imóveis. Segundo um estudo realizado pelo Lawrence Berkeley Laboratory, do Departamento de Energia dos Estados Unidos, compradores estão dispostos a pagar mais por casas que tenham um sistema fotovoltaico instalado, e a valorização desses imóveis pode chegar a US$ 15 mil.
No Brasil, o benefício também está em descontos sobre o valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Alguns municípios já adotaram o chamado IPTU Verde, que prevê descontos para imóveis que possuam soluções sustentáveis, como sistemas de captação e reutilização de água da chuva e placas fotovoltaicas. Em São Paulo, cidades como Tietê, Campos do Jordão, Americana, Barretos e Araraquara oferecem descontos que variam de 10% a 100% do imposto, de acordo com critérios definidos por cada localidade.
A busca pelas vantagens oferecidas pela energia solar é confirmada pelos números de consumidores que têm escolhido gerar a própria energia por meio da instalação de placas solares. No Brasil, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mais de 26 mil residências, indústrias e comércios utilizam energia solar, com uma potência instalada de 316.060 kW, energia suficiente para abastecer 205.439 famílias com consumo médio de 200 kWh. Minas Gerais é o estado com o maior número de consumidores na modalidade, com 5.685 unidades consumidoras, seguido por São Paulo, com 5.126.
Entre aqueles que ainda não decidiram pela modalidade, as dúvidas podem ser constantes. Como funciona? Polui? Como reduz a conta de energia? Pablo Becker, diretor executivo da Envo, braço da CPFL Energia para a geração distribuída solar para residências e clientes comerciais e industriais de pequeno porte, responde às principais perguntas sobre energia solar.
1) Custa caro instalar um sistema fotovoltaico?
Desde dezembro de 2012, quando a micro e minigeração distribuída foi regulamentada pela Aneel, o valor do investimento inicial já caiu entre 15% e 20% e hoje está na faixa de R$ 15 mil a R$ 20 mil, dependendo do porte do projeto a ser instalado na unidade consumidora do cliente. Com a economia gerada na conta de luz, o cliente terá retorno do investimento entre seis e sete anos.
2) Como funciona o sistema de energia solar?
O primeiro passo para adotar a geração de energia solar é analisar a conta de luz e o consumo, além de avaliar as condições estruturais da instalação que receberá os painéis fotovoltaicos. A partir da análise do consumo de energia, é realizado o dimensionamento (capacidade instalada, número de placas, inversor) do sistema solar que será instalado na unidade consumidora do cliente.
O modelo mais tradicional de instalação das placas solares é o aproveitamento dos telhados, onde há maior incidência solar sem sobras, embora também haja a opção de instalar no solo. Os raios solares reagem com as células fotovoltaicas presentes nos painéis solares, movimentando elétrons e criando uma corrente elétrica que segue para o inversor, equipamento que faz a inversão da energia da corrente contínua para a corrente alternada, mais usada no dia a dia.
Para que os consumidores possam usufruir do abatimento da conta de luz, é necessário solicitar a homologação do sistema fotovoltaico à distribuidora local. A concessionária verifica o projeto e a instalação, e realiza a troca do medidor para um modelo bidirecional, que registra tanto a produção quanto o gasto de energia.
A energia solar gerada em excesso vai para a rede de distribuição e vira uma espécie de crédito de energia para ser utilizado à noite ou nos próximos meses, reduzindo a conta de energia.
3) O que são e como funcionam os créditos de energia?
Créditos de energia são os kWh gerados em excesso pelas placas solares. Na conta de energia, são encontrados dois valores: o quanto de energia foi consumido da rede e o quanto foi gerado. O valor cobrado, no fim do mês, é a diferença entre esses dois valores.
Os créditos apurados podem ser utilizados pelo consumidor em até 60 meses. Isso significa que, mesmo que o imóvel fique vazio por um período, o benefício não será perdido. Além disso, os créditos gerados em uma unidade consumidora em uma cidade podem ser usados em outro município, desde que o imóvel seja atendido pela mesma distribuidora, e esteja registrado sob o mesmo proprietário e CPF ou CNPJ.
4) O que acontece em dias nublados ou chuvosos?
Em dias nublados e chuvosos, a eficiência muda, mas como ainda há a presença de luz solar, a geração de energia solar contínua.
5) O sistema funciona à noite?
Não. Na ausência de luz solar, a residência vai usar a energia elétrica convencional, mas tudo o que foi gerado durante o dia volta em redução na conta de energia. Como o sistema não conta com bateria para armazenar essa energia, ela é enviada para a rede elétrica. Você recebe créditos na conta por toda a energia que gerar e não utilizar.
6) É possível zerar minha conta de energia?
Você pode reduzir em até 95%, mas sempre será cobrado uma tarifa mínima para arcar com a disponibilidade da estrutura física da energia elétrica convencional distribuída.
7) O painel solar precisa de muita manutenção?
Só é necessário ficar atento à limpeza dos painéis. Um grande acúmulo de poeira, por exemplo, pode reduzir a eficiência da geração de energia solar. Normalmente, a chuva já faz esse trabalho de manter as placas limpas, mas sempre é bom acompanhar como estão.
Embora as células fotovoltaicas, responsáveis pela reação que produz energia elétrica, sejam frágeis, o painel solar conta com um vidro resistente que suporta facilmente condições climáticas desafiadoras como chuva de granizo. O sistema também é instalado com inclinação o que reduz ainda mais o impacto deste tipo de intempérie.
8) Moro em apartamento, posso instalar placas solares?
Como as placas solares são normalmente instaladas em telhados, é necessário consultar o regulamento do seu condomínio para entender as normas relacionadas à utilização de espaços comuns. Outra opção é instalação de placas fotovoltaicas nos telhados de salões de festas e academias, por exemplo, para reduzir a conta de energia do condomínio, beneficiando todos os moradores.
9) Qual o impacto ambiental da energia solar?
Há apenas impactos positivos. A produção de energia solar não gera resíduos ou gases de efeito estufa. Não provoca poluição sonora e a usina é sua própria casa, portanto, sem desmatamento. Além de ser uma energia limpa e renovável, a energia solar reduz a demanda das fontes mais caras e poluentes, como termelétricas movidas a combustíveis fósseis.
10) Quanto tempo duram os painéis solares?
Um painel solar continua produzindo energia elétrica por até 20 anos com 80% da sua capacidade. A queda de eficiência é, em média, 0,7% ao ano.