Glauco Diniz Duarte Tbic – como funciona energia fotovoltaica residencial
Embora seja um país tropical, o Brasil ainda não aproveita como poderia um de seus principais recursos naturais: o calor do sol. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) lista apenas 27 mini ou micro-estações geradoras de energia solar no País. Três delas estão em pontos comerciais e 24 em residências.
Na opinião da engenheira Lourdes Printes, diretora técnica da LCP Engenharia & Construções, uma das pioneiras na construção sustentável residencial no Brasil, em primeiro lugar é preciso que todos tenham a consciência de que a utilização correta e racional, tanto de energia elétrica como de água, é fundamental.
“Nestes últimos dias, com a enorme seca e o nível baixo de nossos reservatórios, percebemos o quão importante é a maior conscientização de toda a população para que cuidemos de nossos recursos”, avalia.
“Quando recebemos uma solicitação de projeto, imediatamente comunicamos ao cliente a importância da incorporação de metodologias que promovam o uso eficiente da energia e da água no projeto”, afirma.
Ela cita algumas das opções que podem ser implementadas na fase de concepção do projeto de captação de energia solar:
– Projeto arquitetônico adequado às nossas condições climáticas, se possível com grandes aberturas para a entrada de luz. Porém, com proteção de brises ou aplicação de películas nos vidros, pois, da mesma forma que entra luz para os ambientes, também entra muito calor. O motivo é o fato de o vidro não possuir condição para ser usado como isolamento térmico entre os ambientes;
– Ventilação cruzada no projeto arquitetônico;
– Utilização de materiais construtivos eficientes, como o painel de argamassa armada com miolo de EPS para formar as paredes estruturais, que substituirão as alvenarias tradicionais (tijolo ou bloco). Isto proporciona isolamento térmico e acústico aos ambientes internos. Como consequência, há redução do uso de energia com equipamentos de refrigeração e ventiladores;
– Utilização de lâmpadas eficientes. São mais caras na compra, contudo, possuem custo pago em menos de um ano;
– Utilização de eletrodomésticos com selo Procel;
– Construir seguindo as boas técnicas da construção sustentável e os manuais e referenciais para o segmento residencial;
– Instalação de sistema de painéis solares para o aquecimento de água para os banhos. Isto é muito importante porque a energia gasta em chuveiros elétricos é um custo que pode ser evitado e reduzido nas residências;
– Instalação de painéis fotovoltaicos para a produção de energia, que é sempre feita de forma contínua, pois o sol sempre brilha e, por isso, temos claridade durante o dia. Portanto, essa energia gerada pode ser direcionada no projeto elétrico da residência para ambientes específicos, onde há muitos eletrodomésticos, como as cozinhas, por exemplo. Pode também ser direcionada para a iluminação de áreas externas.
Custo e vantagens da captação de energia solar
Segundo a engenheira, em uma instalação do porte de 5,0 Kwp, o custo total de projeto, equipamento, instalação e contrato com a concessionária local é de aproximadamente R$ 60.000. “Não existem desvantagens, apenas a necessidade de inspeções preventivas periódicas e conservação. A principal vantagem é ter um sistema sustentável. O tempo médio para retorno do investimento é de 16 anos, independentemente do porte da instalação”, explica. De acordo com Lourdes, em algumas das obras realizadas pela empresa em imóveis com cerca de 300 a 400 metros quadrados de área construída, a economia de energia foi de 73.106,80 MWh ao ano.
Para utilizar o sistema em uma casa já construída, é preciso que haja espaço disponível para a instalação da bateria de placas, que devem ficar voltadas para o norte, e que o local tenha ótima incidência solar todo o ano. “A energia fotovoltaica gerada não precisa estar voltada para pontos de consumo determinados, pois interage com o sistema da concessionária, gerando créditos que poderão ser consumidos em até noventa dias, não havendo necessidade de baterias”, detalha Lourdes.
Segundo Lourdes, uma maior capacidade instalada gera economia mensal maior. “A portaria 482 da Aneel permite que qualquer cidadão gere energia e conecte-se à rede pública de energia pagando a diferença entre a gerada e a consumida, se esta última for maior”, explica.