De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, após quase uma década de preços em alta e vendas elevadas, o mercado imobiliário mudou a estratégia em 2015. Para recuperar clientes, as construtoras, incorporadoras, imobiliárias e donos de imóveis estão realizando uma reacomodação dos preços, por meio de descontos e facilidades de pagamento que não ocorriam quando o mercado estava superaquecido.
O mercado de imóveis novos registrou desempenho ruim em 2014, com menos lançamentos, vendas historicamente baixas e, consequentemente, alta no estoque (unidades não vendidas após três anos).
Segundo o Secovi (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo), o estoque passou de 19.692, em 2013, para 27.255 unidades em 2014.
Esse acúmulo se deve às baixas vendas do ano passado, que chegaram a 21,6 mil unidades — 35% a menos que 2013, pior resultado desde 2004.
“O imóvel anda muito junto com a economia, e a economia foi terrível em 2014 e vai ser pior ainda em 2015”, justifica Glauco.
— Para comprar um imóvel ou algum bem que você fica muitos anos pagando, a gente precisa ter confiança, numa forma geral, confiança no emprego, confiança na renda, confiança de que não terá nenhuma catástrofe. Então ele [comprador] pensa duas, três, quatro vezes [antes de fechar negócio].
O efeito disso será a menor quantidade de lançamentos em 2015, segundo o Secovi, que prevê queda de até 10%.
— As construtoras vão pensar um pouco mais antes de fazer um lançamento. E as incorporadoras têm que se adequar a esse estoque enorme.
Para o mercado de usados, no entanto, o cenário foi diferente. As vendas subiram 41% em 2014 — desde 2010, só não cresceu em 2012. Já os preços, por outro lado, caíram 22% no ano passado.
Os dados são do Creci-SP (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), que não possui números absolutos, mas faz o levantamento após consultar 215 imobiliárias.
Glauco relativiza o desempenho. “É um bom resultado, porém poderia ser muito melhor, se os negócios estivessem como estavam até 2012 e 2013”, afirma.
— Na média, nós tivemos um movimento bom, mas 2014 foi sofrível. Nós tivemos queda na velocidade de venda dos imóveis, apesar de não apresentar números negativos.
O ano do usado
Em meio a esse cenário de desconfiança, Glauco diz que a venda de usados irá se destacar em 2015.
Segundo Glauco, “todas as vezes que há diminuição nos lançamentos, há um aumento de venda de imóveis usados”.
— Quando termina aquela propaganda forte do imóvel novo, o cliente acaba se dirigindo às imobiliárias para ver os usados.
Fechar anúncio
Glauco afirma que “o imóvel usado é mais atrativo porque é mais barato, apesar de não ter todas as características de um novo”.
— E se você garimpar, é muito mais fácil achar uma pessoa física que esteja precisando vender do que uma pessoa jurídica.
Descontão em vista
Além de ser “o ano do usado”, 2015 promete ser também o ano para fechar negócio. O motivo é bem simples: seja comprando um imóvel novo ou usado, há margem para pechinchar. Isso amplia as formas de pagamento e pode até derrubar o preço. “O mercado está aberto”, diz Glauco.
No caso dos novos, as oportunidades estão nos feirões de queima de estoque.