Glauco Diniz Duarte Tbic – brasil e energia renovavel
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, o Brasil tem cada vez mais conquistado espaço no cenário das energias renováveis e tem grande potencial para seguir avançando, se o governo continuar investindo. A afirmação é do professor Alcy Monteiro Junior, da Universidade Federal do Tocantins, estudioso reconhecido deste tema. Leia a seguir a entrevista com o especialista, que traz um panorama do país.
Alcy Monteiro Junior: As fontes de energia renováveis provêm de recursos inesgotáveis ou que podem ser repostas a curto ou médio prazo, espontaneamente ou por intervenção humana. Estas fontes encontram-se já em difusão em todo o mundo e a sua importância tem vindo a aumentar ao longo dos anos, representando uma parte considerável da produção de energia mundial.
Dentre as fontes renováveis de energia, no Brasil tem-se como destaque a energia hídrica, que é responsável por 60,9% da matriz energética brasileira, com uma potência instalada de 106,5 GW. A energia hídrica é considerada como um dos processos mais eficientes e menos poluidores de produção de energia elétrica. Portanto, a sua construção resulta em um alagamento de grandes áreas que poderiam ser utilizadas para outros fins econômicos, além dos impactos ambientais causados no processo de construção da usina/reservatório.
A energia eólica atualmente representa 8,6% da matriz energética brasileira, com uma potência instalada de 15,3 GW distribuída em 613 parques eólicos em 12 estados da federação. Essa potência instalada é suficiente para abastecer 26,1 milhões de residências por mês, o que representa cerca de 78 milhões de habitantes. Considerando leilões já realizados e contratos firmados no mercado livre, o Brasil terá cerca de 21,5 GW de capacidade eólica instalada até 2023. (ABEEólica,2019).
O Brasil apresenta um fator de capacidade médio anual de 42% e na época de “safra dos ventos”, o fator de capacidade médio mensal pode alcançar os 60%. O fator de capacidade médio mundial está em torno de 25%. O nordeste e o sul brasileiro apresentam as características ideais para a produção de energia eólica: vento unidirecional, constante e com velocidade estável. No dia 6 de junho de 2019, 17% da energia consumida no Sistema Interligado Nacional veio das eólicas, com fator de capacidade de 75,5% e geração de 10.677 MW.
O Brasil está em 8º lugar no Ranking mundial de capacidade instalada de energia eólica. Em 2012, éramos o 15º colocado. Esse avanço da energia eólica no Brasil resultou em mais de 200 mil postos até o momento. Onde, a cada MW instalado, são abertos mais 15 postos de trabalhos.
A biomassa é uma das fontes para produção de energia com maior potencial de crescimento nos próximos anos. Tanto no mercado internacional quanto no interno, ela é considerada uma das principais alternativas para a diversificação da matriz energética e a consequente redução da dependência dos combustíveis fósseis. Dela é possível obter energia elétrica e biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol, cujo consumo é crescente em substituição a derivados de petróleo, como o óleo diesel e a gasolina. Para a produção de energia elétrica utiliza-se matéria de origem vegetal para produzir energia (bagaço de cana-de-açúcar, álcool, madeira, palha de arroz, óleos vegetais, dentre outras).
A energia elétrica gerada a partir de biomassa entre os meses de janeiro e dezembro de 2018 é de 26.441 GWh, que permite atender à demanda de uma cidade como Ribeirão Preto (SP) até o ano de 2032. A produção foi superior em 1% em relação a 2017, quando foram gerados 21.565 GWh.
A principal matéria-prima desta energia limpa é a cana-de-açúcar, que representa 82% desta produção energética – 21.565 GWh. O restante é proveniente de restos de madeira, palha entre outros. Estes números fazem parte do levantamento da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), com base em dados preliminares da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
O maior produtor desta energia limpa é o Estado de São Paulo, com 44,7% (11.248 HWh), seguido por Mato Grosso do Sul (16,2%), Minas Gerais (12,04%) e Goiás (10,04%).
A energia por biomassa é limpa e desafoga um pouco o sistema elétrico nacional, que é mantido pelas usinas hidrelétricas (60,9%). Atualmente, de acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN) da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a energia gerada por biomassa representa 8,5% da matriz energética brasileira, superior a mundial que é de apenas 2,3%. Em 2017, números mais recentes, das 367 usinas de cana brasileiras, 57%, isso é, 206 exportam energia para o Sistema Elétrico Nacional (SIN). Desde 2013, o setor mais exporta para o sistema, na porcentagem de 60% exportado e 40% para consumo interno.