Glauco Diniz Duarte Tbic – porque usar energia solar fotovoltaica
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, como uma das tecnologias de geração elétrica por fonte renovável de maior expansão no mundo hoje, a solar fotovoltaica é, muitas vezes, tema de notícias que contestam a real sustentabilidade que sua fabricação e utilização em grande escala trazem ao nosso cotidiano e futuro.
Por utilizar a fonte renovável de maior abundância em nosso planeta, os painéis solares vão se espalhando a cada ano, tanto nas casas dos consumidores, que usam essa tecnologia para economizar na conta de luz, quanto nos grandes parques solares, que contam com milhares desses painéis para gerarem mega ou gigawatts de potência através da luz do sol.
Somente no Brasil, o setor solar expandiu te tal forma que, desde 2012, o número de sistemas fotovoltaicos conectados à rede (On-Grid) instalados no país cresceu em média mais de 200% ao ano.
As usinas solares também se espalham a cada ano, especialmente na região Nordeste do país, que apresenta maiores níveis de radiação solar, e se tornam cada vez mais competitivas nos leilões de contratação devido aos seus baixos custos de instalação e geração elétrica.
Em razão dessa sua popularização expressiva, a tecnologia já foi tema de vários artigos escritos e divulgados em revistas e sites que alegam que, embora ela utilize uma fonte limpa para gerar energia, a sua fabricação e eventual despejo não são tão sustentáveis assim, mas será que é verdade?
Para acabar de vez com esse discurso, que pode trazer dúvidas àqueles em busca de uma solução energética de qualidade, listamos abaixo os 5 principais argumentos utilizados para justificar essa posição e as razões delas não serem verdadeiras:
1# A fabricação dos painéis solares utiliza mais energia do que eles irão gerar
Embora a fabricação de placas fotovoltaicas use energia gerada através de outras fontes, como combustíveis fósseis, a quantidade necessária não é tanta quanto alguém pode pensar.
Muitas fabricantes utilizam programas que monitoram o tempo de payback dessa energia.
Ou seja, quanto tempo um módulo fotovoltaico leva para produzir a quantidade de energia que ele durante todo o seu ciclo de vida, desde a extração das matérias primas até o seu processo de reciclagem.
Segundo estudos do Laboratório Nacional de Energias Renováveis dos EUA (National Renewable Energy Laboratory -NREL), a maioria dos módulos usados hoje em dia possui um payback de energia de menos de 4 anos.
Quando comparamos com o tempo de vida útil desses mesmos painéis, superior a 25 anos, estamos falando de, no mínimo, 21 anos de energia limpa e sem débitos para com o meio ambiente.
2# Usinas solares ocupam terras que poderiam ser usadas no plantio de árvores ou para agricultura
Como mencionado anteriormente, a tecnologia fotovoltaica utiliza a fonte de energia limpa mais abundante do planeta, a luz do sol. Assim, na hora de escolher o local para instalação de uma usina solar, os responsáveis possuem uma liberdade bem maior do que aqueles ligados a construção de uma usina eólica ou hidrelétrica, por exemplo.
Na região Nordeste, onde se concentram a maioria das usinas instaladas ou em construção do Brasil, os níveis de radiação solar direta na superfície são os melhores e com menor variação no ano. Com isso, se a instalação for realizada em uma região sem perspectivas agrícolas e que possua uma vegetação rasteira, o impacto ambiental praticamente não existe.
Além do mais, um novo tipo de instalação de usinas solares tem crescido muito nos últimos anos, as usinas solares flutuantes, construídas sobre lagos ou reservatórios de hidrelétricas.
Essas, além de dispensarem o uso de terras, também representam um ganho duplo, pois ao mesmo tempo em que evitam a evaporação da água, também tem a sua capacidade de geração beneficiada por conta da proximidade dos módulos com a linha d’água, que ajuda no resfriamento e aumento da sua eficiência.
#3 Placas solares são feitas com materiais tóxicos que são prejudiciais ao ser humano
Este é com certeza o argumento com mais embasamento e o mais utilizado para atacar a expansão da tecnologia fotovoltaica. Isso porque, a maioria das placas ainda comercializadas hoje, embora não causem nenhum mal ao consumidor final, são montadas com células fotovoltaicas a base de silício, extraído de materiais e que utiliza técnicas de fabricação que liberam substâncias tóxicas.
Entretanto, vários padrões de segurança e medidas para redução e correto despejo dos resíduos são exigidos das fabricantes dessas células fotovoltaicas, as quais devem atender e adotar tais práticas para conseguirem comercializar seus produtos.
Além disso, o contínuo estudo da tecnologia fotovoltaica tem surgido com opções que poderão substituir os painéis de silício de hoje.
Uma delas são os painéis solares de filme fino a base de células solares orgânicas que, além de não tóxicas, ainda possuem grande versatilidade por serem flexíveis.
Estas tecnologias, no entanto, fazem parte de um futuro distante, uma vez que sua eficiência na conversão da luz em eletricidade ainda fica muito abaixo da tecnologia dos painéis de silício ou outros materiais.
#4 Painéis solares usam muita água para gerar eletricidade
O uso consciente de água é uma das medidas mais importantes quando falamos de questões ambientais, visto a quantidade limitada que possuímos desse insumo necessário ao ser humano.
Ao contrário da tecnologia solar heliotérmica, na qual painéis funcionam como espelhos para refletir e concentrar a luz do sol em torres que usam o calor para gerar energia e, portanto, requerem o uso de água para resfriamento, a tecnologia fotovoltaica não utiliza água no seu processo de geração elétrica.
No entanto, existe sim o uso de água para a fabricação dos painéis, assim como em qualquer outro tipo de manufatura, mas a quantidade utilizada é bem menos do que aquela utilizada na geração de energia por outras fontes.
Além disso, a limpeza dos painéis, que é a sua única manutenção periódica necessária, também utiliza água. Quando falamos em grandes usinas, com milhares de painéis, poderíamos supor que uma grande quantidade de água seria necessária para a sua limpeza, mas isso não ocorre devido ao uso de robôs que, além de automatizar o processo, minimizam o uso desse recurso.
#5 Painéis solares não podem ser reciclados
Embora ainda seja cedo para abordar esse assunto, visto que a longa vida útil dos painéis, mencionada anteriormente, ainda não permitiu a criação de um fluxo significante de módulos em desuso, pensar sobre seu inevitável descarte é importante… e necessário.
Felizmente, a boa notícia é que as placas são sim, passíveis de reciclagem. Os painéis atuais com células de silício são compostos em quase sua totalidade, ou 90%, de resíduos não perigosos, como vidro, polímero e alumínio, porém contém porcentagens de prata, estanho e chumbo.
Já os da tecnologia de filme fino são ainda mais recicláveis, sendo compostos em 98% da junção de polímero e alumínio, e apenas 2% de cobre e zinco. Com os estudos em andamento nessas tecnologias, no futuro elas deverão se tornar ainda mais “limpas”, com menos materiais tóxicos e elementos raros utilizados em sua fabricação.
Na Europa, mercado mais antigo da tecnologia fotovoltaica, centrais de reciclagem já começam a aparecer, porém ainda devemos ver muitas pesquisas sendo feitas nesse sentido, uma vez que o potencial de reciclagem dos módulos e outros componentes do sistema é grande.