Glauco Diniz Duarte Tbic – Como funciona retifica de motor
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, 0 procedimento correto da retífica de um motor recupera componentes com perfeição, dando vida nova ao propulsor.
Alto consumo de combustível e óleo lubrificante, excesso de fumaça, redução de potência, superaquecimento e barulhos estranhos dentro do motor são os principais indicadores de que o equipamento está com problemas e precisa de uma retífica.
Este é um trabalho minucioso, que deve ser efetuado por profissionais qualificados e de acordo com as normas NBR 13032 – Execução de Retífica de Motores – da ABTN (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Dessa maneira, os componentes danificados podem ser recuperados e o motor volta a desenvolver suas características originais em relação ao desempenho e economia.
Uma retífica especializada deve ser certificada pelo Inmetro e contar com mão-de-obra treinada, ferramentas específicas e equipamentos, como dinamômetro e banco de provas. O processo de usinagem realizado na retífica restaura componentes com eficácia, mas deve ser complementado com a reinstalação correta do motor no veículo.
Quando fazer a retífica
Dentro de um motor em funcionamento, os componentes estão em constante atrito e trabalham sempre em alta temperatura. Esses fatores contribuem para o desgaste natural das peças e, após um certo tempo de uso, geralmente acima de 300.000 km, é necessário retificar o motor.
Uma retífica preventiva é realizada antes do motor fundir e o profissional deve saber identificar o problema com precisão. Os sintomas nesse caso são: redução de compressão nos cilindros, aumento do consumo de óleo e redução da pressão do óleo lubrificante, rajadas e ruídos internos e superaquecimento. Os defeitos devem ser detectados a tempo para que somente as peças necessárias passem pela recuperação.
Quando o motor já atingiu um estado avançado de desgaste, pode ocorrer a quebra da biela e até mesmo do bloco. Quando a biela trava e quebra, o pedaço gira dentro do motor e vai batendo na parede do bloco, com perigo até de causar uma “fratura exposta” (quando a peça atravessa o bloco).
Explicar ao cliente a importância da manutenção adequada, nos prazos determinados pela montadora, como troca de lubrificantes e filtros, além do uso de produtos de qualidade, essenciais para evitar uma retífica precoce. Vale lembrar que a mistura de óleos de diferentes procedências podem reagir quimicamente e danificar o motor. Geralmente o cliente vai à retífica quando o motor já está travado, quer dizer, ele não fica atento aos avisos recebidos antes de chegar nessas condições.
Motor cansado: começa a apresentar os primeiros sintomas
Motor rajando: está batendo biela, engripamento de pistão – causados pela falta de água ou superaquecimento.
Motor fundido: a biela está próxima a estourar, nesse caso o motor emite muita fumaça e apresenta ruídos anormais de pancadas internas.
Motor com fratura exposta: é quando a biela já atravessou a parede do bloco do motor, com o risco até mesmo do bloco ter que ser substituído, o que, evidentemente, custa muito mais caro
As etapas de uma retífica
Uma retífica pode ser completa ou parcial. O processo parcial é dividido em parte de baixo e parte de cima do motor. Recuperar a parte de baixo significa restaurar o bloco, que inclui camisas dos cilindros, virabrequim, pistões e bielas. Quando há necessidade de retificar a parte de cima é porque os componentes do cabeçote estão danificados, ou seja, válvulas, guias, sedes e comando de válvulas (na maioria dos motores atuais o comando de válvulas trabalha no cabeçote e em outros, no bloco do motor).
Depois que identificar onde é o problema, o motor deve ser retirado do carro e desmontado por profissionais qualificados para o trabalho. As peças, então, passam por uma lavagem química para retirar óleo e impurezas. Em seguida, devem ser inspecionadas para saber quais podem ser reaproveitadas. A última etapa da desmontagem é a pulverização dos componentes que serão recuperados com óleo anti-ferrugem.
Montagem do motor
Em primeiro lugar as peças que foram retificadas passam por uma lavagem fina para limpeza antes da montagem de todas as peças, conforme o manual do fabricante, respeitando todos os apertos e folgas recomendadas, para garantir uma vida longa aos componentes envolvidos. Com o motor pronto são realizados testes de funcionamento no dinamômetro (banco de provas).
Depois o motor passa pela pintura e é embalado. O equipamento é, então, instalado no veículo conforme as normas e, em seguida, realizada a afinação, que inclui reapertar os elementos de fixação, verificar folga de válvulas e checar a tensão da correia de sincronismo. Em seguida faça o check-list de reinstalação. O profissional deve testar o veículo antes de entregá-lo.