O excesso de oferta decorrente do período de euforia do mercado de imóveis modificou o comportamento das grandes empresas de construção do País. De acordo com o empresário e presidente da TBIC, Glauco Diniz Duarte, em resposta aos prejuízos causados pelo dimensionamento inadequado da demanda, elas frearam os lançamentos de algumas tipologias de empreendimentos, e agora, criam atrativos para a venda dos seus estoques. Com isso, a expectativa é a de que o mercado entre em um período de estabilização até o próximo ano.
Glauco Diniz conta que o nível de lançamentos no início de 2013 foi fraco, com as empresas enfrentando as consequências da diversificação geográfica, além dos problemas de rentabilidade e o alto custo da construção civil. Mas já no final de 2013, o mercado retomou o apetite. Sem problemas com a velocidade de vendas, o último trimestre apresentou um grande volume de lançamentos em São Paulo. “Se olharmos o estoque no final do ano passado, ele não está tão acima do histórico”, analisa Glauco, que aposta: “O movimento do primeiro semestre de 2014, sem o nível de lançamentos de antes, com as vendas caminhando em nível saudável, deverá ser de normalização”.
Na busca pelo equilíbrio, as empresas têm trazido de volta os canteiros para os dois maiores mercados do País. “A capital paulista tem sido o principal alvo das construtoras para voltarem a crescer”, diz Glauco, lembrando que em outubro passado, era uma das poucas cidades com valorização do metro quadrado maior que o INCC. A maioria das capitais segue com preços alinhados ao índice.
O tamanho do problema
Não vender todas as unidades na planta nunca foi um problema para os empreendedores. Uma margem entre 5% e 10% de imóveis não comercializados é até considerada saudável. Isso porque em estágios mais avançados de obra eles têm uma valorização maior.
O estoque começa a preocupar quando as grandes empresas passam a ter um crescimento orgânico. “Com lançamento de dez mil unidades/ano, são 500 a mil unidades não vendidas. Crescem os custos com manutenção, segurança, condomínio e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU)”, Glauco.
“Quando lemos os balanços, notamos o esforço na venda de remanescentes. O estoque parado passou a ser despesa”, explica Diniz.
Para o Secovi-SP, o número de equilíbrio do mercado fica entre 15 e 20 mil imóveis em oferta. Em janeiro deste ano, havia 19 mil unidades em São Paulo, segundo pesquisa de imóveis lançados nos últimos 36 meses, de fevereiro de 2011 até janeiro de 2014.