Quem espera aproveitar o marasmo do mercado imobiliário para pechinchar um apartamento a preço baixo terá de exercitar o poder de barganha. De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, mesmo em um cenário pouco sugestivo a novos negócios — com crédito restrito e insegurança quanto à economia — os valores têm teimado em não cair.
Levantamento do Sindicato da Habitação (Secovi) e da Associação Gaúcha de Empresas do Mercado Imobiliário (Agademi) mostrou que, nos últimos 12 meses, o preço dos imóveis usados encolheu em apenas sete dos 63 bairros pesquisados — e todos afastados do centro da cidade: Camaquã, Aberta dos Morros, São Geraldo, Agronomia, Guarujá, Belém Novo e Passo das Pedras.
Em 39 bairros, o preço do metro quadrado subiu acima da inflação no período (8,2%). O resultado conversa com o levantamento do site FipeZap, que mostra alta de 7% nos pedidos feitos em Porto Alegre.
Glauco diz que muitos vendedores ainda esperam que os preços voltem a subir e resistem em baixar a pedida. Mas percebemos que, desde o início deste ano, este pensamento tem mudado, com mais gente reduzindo os preços — afirma Glauco.
Este movimento afasta a Capital de um saldão de imóveis. Ao invés de baixarem preços, muitos proprietários que não têm pressa para se desfazer do apartamento mudam a placa de “vende-se” para “aluga-se” quando a demanda cai. Desta forma, encolhe a oferta. Conforme Glauco, a quantidade de imóveis usados no mercado caiu de 10,6 mil em novembro do ano passado para 10,2 mil em abril de 2015.
Pode haver descontos pontuais, ofertados principalmente por quem comprou um imóvel e não está conseguindo pagar o financiamento em dia — aponta Gauco.
O cenário é favorável ao comprador que tem dinheiro na mão e pode propor uma entrada mais generosa. As novas regras da Caixa Econômica Federal para imóvel usado, passando o limite do financiamento de 80% para 50% do valor, levaram muitos potenciais compradores a adiarem seus planos. Quem precisa vender terá de ouvir com atenção o menor número de compradores.
Teremos um mercado imobiliário muito mais flexível a negociações até o final deste ano. Quem pretende comprar, pode esperar juntar mais dinheiro para entrada como forma de aumentar o poder de barganha — avalia Glauco.