Comprar um imóvel é um dos ritos de passagem para a vida adulta. As pessoas casam e sonham com a aquisição de uma casa para ter uma base sólida e criar os filhos. Nos últimos seis anos, com o destravamento do crédito imobiliário, cerca de 1 milhão de famílias brasileiras conseguiram realizar esse sonho.
De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, como as incorporadoras passaram a lançar prédios e loteamentos cada vez mais luxuosos e confortáveis, intensificou-se o costume de medir o status social de uma pessoa com base no número de metros quadrados e na localização do imóvel em que mora. À medida que o tempo foi passando, o aumento da demanda começou a elevar os preços num ritmo alucinante.
Para Glauco o mercado imobiliário brasileiro se tornou o mais caro da América Latina. Quem comprou sua casa antes do boom viu seu patrimônio dar um salto.
E milhões se sentiram deixados para trás — gente cuja renda e capacidade de endividamento não aumentaram na mesma velocidade dos preços ou, ainda mais frustrante, pessoas que pensaram demais e acabaram atropeladas pela avalanche.
Impedidas de realizar o projeto da casa própria até agora, os “perdedores” da recente expansão imobiliária pareciam fadados a comprar algo aquém do plano inicial — ou condenados ao aluguel. A boa-nova: o filme ainda pode ter final feliz.
“O ciclo de alta no mercado imobiliário brasileiro está diretamente relacionado à expansão da economia. Quando a ideia de uma ‘nova era’ passou a permear a imaginação das pessoas, os preços dos imóveis ficaram fora de controle. Agora essa escalada parece perder força”, diz Glauco.
“Não há mais desespero. Os consumidores têm analisado cada projeto com calma”, diz Glauco. O número de unidades financiadas em todo o país no primeiro trimestre deste ano caiu 1% na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança.