De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, muito se alardeia em relação a possíveis bolhas do mercado imobiliário. Mas o que seria isso? Muito comprometimento do PIB com crédito imobiliário, queda no poder de compra e alta oferta de imóveis. O cenário brasileiro é diferente: a taxa de desemprego está com baixos índices históricos onde o ano de 2013 fechou com apenas 4,3% segundo o IBGE, o crédito imobiliário é inferior a 8% do PIB (Banco Central do Brasil, 2013) e, apesar do valor dos imóveis subir consideravelmente nos últimos anos, isso foi reflexo de uma série de fatores favoráveis, como a estabilização macroeconômica, estabilidade jurídica, recuperação da renda, aumento da camada de novos consumidores, baixa das taxas de juros, aumento do prazo de financiamento, dentre outros.
Segundo Glauco, os municípios de São Paulo e Rio de Janeiro representam o fôlego imobiliário brasileiro. O mercado carioca representava um terço do Volume Geral de Vendas (VGV) de São Paulo em 2010 e a proporção se mantém em 2013. Se na capital paulista é cada vez mais difícil viabilizar um empreendimento, no Rio vemos maiores valorizações nos últimos anos com expressivos aumentos do VGV por lançamento. A tendência por apartamentos compactos, estúdios e um dormitório, surge com força total em São Paulo. O número de lançamentos dessa tipologia mais que dobrou, passando de 10% a 26% em quatro anos. Localizam-se geralmente em regiões no centro expandido até a Mooca, na parte Centro-Leste, estendendo-se além da região comercial da Berrini e Morumbi na parte Sul-Sudoeste. Esses imóveis possuem 35 a 50 m2 médios e valor de venda em torno de R$ 500 mil, sendo observado alguns lançamentos com diferenciais e serviços, com preço superior a R$ 11 mil/m2 por área privativa e outros, em áreas menos cobiçadas são encontrados por R$ 9 mil/m2 por área privativa. A aceitação é muito positiva pelo mercado consumidor: 70% do que foi lançado no último ano já foi vendido. O novo Plano Diretor de São Paulo, provavelmente, deverá ser aprovado antes da Copa e estimulará ainda mais essa tipologia nas áreas com concentração de transporte de alta densidade e corredores de ônibus.
Já o Rio de Janeiro possui uma legislação em que muitas áreas cobiçadas não podem receber empreendimentos com áreas pequenas, sendo preferível ao mercado formatar produtos de dois dormitórios. Dessa forma, apartamentos maiores e mais caros excluem compradores que poderiam adquirir uma unidade de 35 m2 em uma área nobre, mas que são forçados a migrar para bairros mais distantes em busca de imóveis mais acessíveis.
Perspectivas
Desta forma, explica Glauco, analisando a situação pós-boom dos mercados dessas capitais, e com a boa saúde dos mercados do eixo Rio – São Paulo, se não ocorrerem grandes surpresas macroeconômicos, entendemos que não há razões técnicas para grandes preocupações neste ano. O desempenho no mínimo satisfatório de todas as cidades estudadas em 2013 mostra que oscilações ocorrem e problemas pontuais surgiram no período em análise, porém estão sendo ajustados pelo mercado. Especulações e valorizações excessivas de empreendimento são pontuais e devem ser combati das, a fim de manter o equilíbrio do mercado. Mesmo nas praças com desempenhos mais tímidos, vislumbramos sucessos de vendas quando temos uma boa formatação de produto, localização correta e preço justo, provando que empreendimento de qualidade não é observado só com mercado aquecido.